Saúde Mental
Cancro, o impacto psicólogo da doença
Definição: Cancro define-se como sendo um crescimento de células de um modo não controlado, em diversas partes e órgãos do corpo, originando as metástases (World Health Organization, 2013).
É por excelência uma doença temerária e que por diversas vezes, em todas as fases da mesma, acarreta perdas e danos para os indivíduos, sendo estas tanto a nível físico como também na esfera psicológica (Elsner, Trentin, & Horn, 2009).
Epidemiologia: Com uma taxa superior a 20%, a doença oncológica é uma das maiores causas de morte do nosso país (Araújo et al., 2009; Instituto Nacional de Estatística, 2012).
A par de outros países em todo o mundo, o cancro é responsável por um elevado número de mortes, no entanto, são cada vez mais o número de sobreviventes que esta doença tem (Siegel et al., 2012).
O processo de adoecer é longo e acarreta diversas alterações em muitas dimensões do indivíduo. Tanto a componente física como psicológica, assim como a dimensão social sofrem alterações que comprometem o funcionamento pleno do individuo (Elsner et al., 2009).
Tratamentos e terapêuticas mais utilizadas são:
- Cirurgia;
- Quimioterapia;
- Radioterapia;
- Hormonoterapia;
- Imunoterapia.
Efeitos dos tratamentos no cancro:
- Fadiga (muito cansaço);
- Redução da densidade óssea;
- Doenças cardiovasculares;
- Disfunção pulmonar;
- Infertilidade;
- Dor crónica;
- Disfunção sexual.
Impacto Psicológico da Doença: Para além da condição física em que o paciente se encontra, a componente psicológica tem um grande relevo no doente oncológico.
É frequente surgir sintomatologia depressiva e ansiosa, sendo as mais prevalentes nestes pacientes (Pereira & Lopes, 2005) e comprometendo assim a qualidade de vida e o bem-estar psicológico dos mesmos (Rajandram et al., 2011).
Sintomatologia Depressiva mais frequente: sentimentos de inutilidade, apatia, baixa autoestima, tristeza, diminuição de sentimentos positivos, e menor interação em atividades sociais.
Sintomatologia Ansiosa mais frequente: Tensão muscular, Taquicardia, Palpitações, Alterações da respiração, Pressão no peito, Dor de cabeça, Alteração do sono.
O Ciclo Psico-Oncológico é um processo que compreende 5 fases:
- Negação e isolamento: Nesta fase surge o pensamento “Isto não pode estar a acontecer eu não vou ficar sem…”;
- Raiva: Nesta fase surgem questões “Porquê eu? Porquê a mim”, e são comuns episódios explosivos, e muita agressividade dirigida aos que estão mais próximos;
- Negociação: Nesta fase surgem movimentos dirigidos à religiosidade, por exemplo: promessas, acordos, geralmente em segredo;
- Depressão: Nesta fase surgem sentimentos associados à dor emocional, ao sofrimento profundo. Esta poderá ser uma fase de introspeção e isolamento, envoltos em tristeza, perda, culpa, descrença e medo.
- Aceitação: Esta fase fechou o Ciclo do Choque à Aceitação. É como se a luta tivesse terminado e o problema passa a ser enfrentado com consciência das possibilidades e limitações.
Este é o fechar do caminho iniciado pela ideia da perda irreversível e o encontro com todo um estado de reorganização emocional.
Aqui podemos dizer que subsiste:
- A aceitação da realidade da perda;
- Todo um trabalho interno através da dor ou da mágoa;
- Adaptação ao ambiente após a comunicação da doença;
- A tão desejada recolocação emocional e prosseguir com a vida
A vida sempre nos apresentará dificuldades, é assim que ela nos ensina lições novas e nos permite progredir, na certeza de que a doença oncológica é uma lição de esperança e de resiliência.
Mas a evolução ao nível da investigação tem sido animadora, assim, estima-se que em 2030, terá um aumento de cerca de 25% no número de casos de cancro, no entanto a taxa de mortalidade é cada vez menor!
Artigo elaborado pelo Serviço de Psicologia do CHTS
Saúde mental na gravidez e pós-parto
Saúde mental na gravidez e pós-parto
Durante muito tempo considerou-se que a gravidez e o pós-parto seriam momentos pautados por felicidade e bem-estar, chegando a ser considerado um período protetor da saúde mental da mulher.
Nas últimas décadas, assistiu-se, na comunidade científica, a um interesse crescente e preocupação justificada pela saúde mental perinatal, que diz respeito à saúde mental da mãe e da criança, desde a conceção até ao primeiro ano de vida pós-natal.
No entanto, continua a verificar-se a pressão cultural no sentido da “felicidade da gravidez e maternidade”. Esta tendência cultural e social para romantização e idealização da gravidez e pós-parto dificulta a afirmação e expressão de emoções negativas e, consequentemente, a procura de ajuda. O facto de as emoções negativas não serem socialmente validadas agrava as inseguranças e isola a mulher no seu sofrimento, podendo provocar graves prejuízos para a saúde mental.
A ansiedade, medo, tristeza, frustração… também fazem parte do leque de emoções prováveis na gravidez e pós-parto.
A transição para a parentalidade implica mudanças, tarefas desenvolvimentais, que promovem a adaptação ao papel de mãe e pai, mas que podem ser podem ser momentos de tensão e de maior exigência psíquica para mulher e para a dinâmica familiar. Estas mudanças acontecem em múltiplos contextos de vida e são provocadas por múltiplos fatores (biológicos, emocionais, relação de casal, relação com família de origem, interação com o bebé, contexto social e profissional…).
Uma em cada cinco mulheres desenvolve problemas de saúde mental perinatal, sendo as mais frequentes as perturbações de ansiedade e as perturbações do humor.
A depressão é a perturbação do humor mais frequente no periparto, afetando entre 20 a 35% das mulheres. Os principais sintomas incluem:
- Tristeza prolongada (mais de duas semanas);
- Perda do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades;
- Redução ou aumento do apetite;
- Insónia ou hipersonolência;
- Agitação ou lentificação psicomotora;
- Fadiga ou perda de energia;
- Sentimentos de inutilidade ou culpa;
- Dificuldades de concentração;
- Pensamentos recorrentes de morte ou ideação suicida.
Podemos assim inferir que se torna imperiosa, a avaliação e diagnóstico da saúde mental durante a gestação e no pós-parto e, sempre que se justifique, a referenciação para um tratamento especializado.
A presença de psicopatologia e/ou perturbações mentais na mãe, interferem na relação mãe-bebé e no desenvolvimento físico, cognitivo e emocional do bebé. Assim, cuidar da Saúde Mental materna é melhorar a saúde da sociedade atual e futura.
Unidade de Saúde Mental de Ligação do CHTS
Luto Perinatal
“tanto e tanto amor desfeito; que a bem dizer ainda não estava feito.
E nesta perda do que não foi ganho, mas podia tê-lo sido,
se cifra uma das mais duras vivências…”Coimbra de Matos, 2001
Vinculação Pré-Natal
A vinculação (ligação afetiva ao bebé), tem início muito antes do nascimento e mesmo antes da gravidez.
“A criança é imaginária antes de ter sido concebida, sendo aquela que a mãe e o pai vieram um dia a desejar. Ela será investida, por cada um dos seus progenitores”
(Pontes, 2009)
Esta vinculação, pré-natal, nem sempre tem a visibilidade e o reconhecimento social. Assim, em casos de perdas gestacionais, o casal é confrontado com a incapacidade de reconhecimento deste luto, que acaba por ser vivido como uma experiência solitária e incomunicável.
Fases do Luto
A forma como cada pessoa expressa o seu luto é única e individual. Porém ,existem fases que caracterizam este processo:
- Choque – sentimentos de descrença, negação e confusão, a perda parece impossível, dificuldade em aceitar a realidade da perda.
- Procura – mantém-se a negação da realidade, existe a sensação de presença da pessoa perdida, existem conversas e sonhos com ela.
- Desorganização – o mundo parece vazio e sem sentido, sentimentos de ansiedade, medo, tristeza, agressividade, culpa e raiva.
- Reorganização – já não se vive o desespero, aceita-se a realidade da perda, a dor é elaborada, permitindo lembrar e falar da pessoa perdida.
As reações de luto apresentam manifestações diversas:
Comportamentais – Fadiga, agitação, isolamento, choro, evitamento.
Emocionais – Choque, negação, raiva, culpa, tristeza, ansiedade, desespero, sensação de vazio, frustração.
Cognitivas – Baixa auto-estima, falta de memória, dificuldades de concentração, pensamentos que traduzem preocupação com o bebé, incerteza e ambivalência.
Fisiológicas – Insónia, pesadelos, falta de energia, tensão muscular, palpitações, náuseas…
Espiritual – Perda de fé, zanga com Deus, questionamento de valores, procura de respostas.
O que não deve ser dito a um casal em luto:
- “Ainda são muito novos, podem ter outro filho!”
- “Melhor agora, do que depois de nascer!”
- “Ainda não era uma pessoa”
- “Aconteceu por alguma coisa que fizeste?”
- “Vais tentar novamente? E se acontece o mesmo?”
- “Isso acontece a muita gente! Têm de seguir em frente.”
- “O tempo cura tudo!”
- “O melhor é não falarem sobre isso, para esquecer!”
Evite qualquer comentário que desvalorize a dor de quem perdeu um filho!
Disponibilize o seu apoio, ouça e seja solidário com a dor deste luto!
Possíveis sinais de ALERTA
- Sentimentos persistentes de culpa;
- Sentimentos persistentes de raiva e revolta;
- Isolamento social, como forma de evitamento (para não serem questionados sobre a perda, para não verem mulheres grávidas ou bebés);
- Alterações persistentes do padrão de sono;
- Consumo aumentado de bebidas com cafeína, álcool ou tabaco;
- Stress na relação conjugal.
PEÇA AJUDA!
USML – Unidade de Saúde Mental de Ligação
Internet – da utilização à adição
Internet – da utilização à adição

Daniela Mota Mendes, psicóloga clínica
Estima-se que mais de metade da população mundial utilize a Internet, o seu acesso tem sido massificado com os avanços da tecnologia. Os smartphones permitiram a sua utilização móvel, mais fácil e rápida.
Naturalmente, nem todos os utilizadores ficam dependentes, o uso da Internet pode ser considerado funcional, quando tem um propósito específico, por um período de tempo considerado razoável e sem desconforto cognitivo ou emocional subjacente. No entanto, verifica-se que um número crescente de utilizadores sofrem consequências negativas, como perda de controlo do tempo despendido, desinteresse por outras actividades e relações interpessoais, isolamento social, diminuição do rendimento escolar ou de trabalho e sentimentos de tristeza, angústia e frustração quando se vêem impossibilitadas da sua utilização. O uso intensivo da Internet pode causar dependência, equiparando-se a um comportamento aditivo, semelhante à dependência de substâncias.
Durante algum tempo, o termo adição encontrou-se associado ao uso de álcool e drogas. Reconhece-se, actualmente, que a adição pode existir na ausência de substância, sendo representada por um comportamento específico. São várias as adições comportamentais descritas na literatura e observadas na prática clínica, por exemplo, a adição ao jogo, compras compulsivas, sexo, exercício físico, trabalho e, mais recentemente, a adição à Internet. Estas “adições comportamentais” activam sistemas de recompensa e sintomas comportamentais equivalentes aos activados pelo uso de substâncias.
A adição à internet tem sido apontada, por vários profissionais da área das ciências sociais e humanas, como um problema generalizado a várias faixas etárias. No entanto, os jovens são o grupo etário em que estas preocupações mais se evidenciam, uma vez que a adolescência é um período de vulnerabilidade às dependências, o que faz dos adolescentes um grupo de risco
Verificam-se alguns factores de risco para a dependência da Internet, nomeadamente a insatisfação com a realidade, quanto mais insatisfeitos os jovens se sentem com as relações interpessoais reais, maior a tendência para se refugiarem na Internet e nas relações virtuais, criando por vezes, uma falsa realidade. Assim, as relações virtuais são sobrevalorizadas em detrimento das relações reais. A família deve monitorizar o tempo e as actividades realizadas durante a utilização da Internet. A ausência de monitorização é um factor crucial na adição e nos riscos da utilização.
É fundamental que a família esteja atenta e detecte precocemente os sintomas, recorrendo, se necessário, à ajuda de um profissional especializado. O objectivo do acompanhamento será possibilitar um uso mais adequado da Internet, equilibrando-o com outras actividades de lazer, permitindo estabelecer relações interpessoais gratificantes e lidar de forma adequada com emoções e sentimentos.
Sinais de alerta
- Resistência em “desligar-se”, ultrapassando os limites estipulados;
- Não desenvolver conversas com outras temáticas;
- Alteração do padrão de sono (utilização tardia da Internet);
- Sintomas de abstinência (agressividade, irritabilidade, angústia e frustração) quando é negado o acesso;
- Recusa de actividades sociais e familiares para continuar online;
- Mentir sobre o tempo despendido na utilização da Internet;
- Diminuição significativa de actividades de lazer;
- Diminuição no rendimento escolar, ou de trabalho.
Estratégias para os pais:
- Restringir a utilização a áreas comuns (sala, cozinha…) de forma a puder supervisionar a sua utilização;
- Estabelecer o acesso à Internet como recompensa e não como direito adquirido;
- Proporcionar e encorajar outras actividades de lazer e relacionamentos com grupo de pares; Definir limites diários e certificar-se de que não são excedidos;
- Permitir a utilização apenas após estarem realizados todos os afazeres;
- Conhecer as passwords;
- Verificar o histórico para minimizar riscos associados à utilização da Internet;
- Seja o exemplo! Evite passar tempo desnecessário no computador ou telemóvel.
Burnout: conheça os sinais e sintomas
O que é o Síndrome de Burnout?
O Síndrome de Burnout é uma resposta emocional a situações de stress crónico desencadeada no contexto laboral. É descrito como um processo tridimensional:
- Exaustão emocional: caracterizada pela falta ou diminuição de energia, entusiasmo e por sentimento de esgotamento de recursos;
- Despersonalização: o profissional relaciona-se com os outros como se fossem objetos (desenvolvimento de insensibilidade emocional);
- Baixa realização profissional: tendência do trabalhador para se auto-avaliar de forma negativa. Sentimentos de infelicidade e insatisfação com o seu desempenho profissional.
Quais os sinais e sintomas do Síndrome de Burnout?
Físicos:
- Sensação de cansaço na maioria do tempo;
- Fragilidade do sistema imunitário;
- Frequentes dores de cabeça, lombares e musculares;
- Alterações do apetite;
- Alterações no sono.
Emocionais:
- Sentimento de fracasso, derrota e desamparo;
- Sentimento de solidão;
- Falta de motivação;
- Negativismo;
- Diminuição da satisfação e do sentimento de realização profissional e pessoal.
Comportamentais:
- Isolamento;
- Lentificação na realização das tarefas habituais;
- Dificuldade em assumir as responsabilidades habituais;
- Consumo excessivo de comida, álcool ou drogas;
- Absentismo, chegar atrasado ou sair mais cedo;
- Modificação dos padrões de comportamento habituais.
Sintomatologia psicopatológica:
- Insónia;
- Irritabilidade;
- Inquietação;
- Tremores;
- Sintomas depressivos;
- Baixa motivação.
Orientações Terapêuticas
- Cuide do seu corpo;
- Tenha uma alimentação cuidada,
- Pratique a técnica de respiração infra-diafragmática;
- Mantenha o suporte social e emocional;
- Pratique técnicas de relaxamento;
- Cuide da sua saúde física e mental;
- Melhore o seu dia-a-dia;
- Procure ser mais cooperativo;
- Faça intervalos entre as atividades;
- Pratique exercício físico;
- Organize o seu dia;
- Reflta sobre o lugar que a atividade ocupa.
Como saber se preciso de ajuda profissional?
- Procure adotar um estilo de vida mais saudável: alimentar-se corretamente, praticar exercício regularmente e descansar o suficiente;
- Estabeleça limites: não se sobrecarregue, aprenda a dizer “não”;
- Faça uma pausa diária de tecnologias: estabeleça um tempo por dia para se abstrair completamente de todas as tecnologias;
- Potencie o seu lado criativo: a criatividade é um antídoto poderoso para o burnout. Tente algo de novo, comece um projeto divertido ou continue a realizar o seu hobbie favorito;
- Aprenda a gerir o stress: quando os sintomas de burnout começam a aparecer, poderá sentir-se incapaz, no entanto, tem muito mais controlo sobre o stress do que pensa. Aprender a gerir o stress pode ajudá-lo a restabelecer o equilíbrio.
Cancro, o impacto psicológico da doença
Cancro, o impacto psicólogo da doença
Definição: Cancro define-se como sendo um crescimento de células de um modo não controlado, em diversas partes e órgãos do corpo, originando as metástases (World Health Organization, 2013).
É por excelência uma doença temerária e que por diversas vezes, em todas as fases da mesma, acarreta perdas e danos para os indivíduos, sendo estas tanto a nível físico como também na esfera psicológica (Elsner, Trentin, & Horn, 2009).
Epidemiologia: Com uma taxa superior a 20%, a doença oncológica é uma das maiores causas de morte do nosso país (Araújo et al., 2009; Instituto Nacional de Estatística, 2012).
A par de outros países em todo o mundo, o cancro é responsável por um elevado número de mortes, no entanto, são cada vez mais o número de sobreviventes que esta doença tem (Siegel et al., 2012).
O processo de adoecer é longo e acarreta diversas alterações em muitas dimensões do indivíduo. Tanto a componente física como psicológica, assim como a dimensão social sofrem alterações que comprometem o funcionamento pleno do individuo (Elsner et al., 2009).
Tratamentos e terapêuticas mais utilizadas são:
- Cirurgia;
- Quimioterapia;
- Radioterapia;
- Hormonoterapia;
- Imunoterapia.
Efeitos dos tratamentos no cancro:
- Fadiga (muito cansaço);
- Redução da densidade óssea;
- Doenças cardiovasculares;
- Disfunção pulmonar;
- Infertilidade;
- Dor crónica;
- Disfunção sexual.
Impacto Psicológico da Doença: Para além da condição física em que o paciente se encontra, a componente psicológica tem um grande relevo no doente oncológico.
É frequente surgir sintomatologia depressiva e ansiosa, sendo as mais prevalentes nestes pacientes (Pereira & Lopes, 2005) e comprometendo assim a qualidade de vida e o bem-estar psicológico dos mesmos (Rajandram et al., 2011).
Sintomatologia Depressiva mais frequente: sentimentos de inutilidade, apatia, baixa autoestima, tristeza, diminuição de sentimentos positivos, e menor interação em atividades sociais.
Sintomatologia Ansiosa mais frequente: Tensão muscular, Taquicardia, Palpitações, Alterações da respiração, Pressão no peito, Dor de cabeça, Alteração do sono.
O Ciclo Psico-Oncológico é um processo que compreende 5 fases:
- Negação e isolamento: Nesta fase surge o pensamento “Isto não pode estar a acontecer eu não vou ficar sem…”;
- Raiva: Nesta fase surgem questões “Porquê eu? Porquê a mim”, e são comuns episódios explosivos, e muita agressividade dirigida aos que estão mais próximos;
- Negociação: Nesta fase surgem movimentos dirigidos à religiosidade, por exemplo: promessas, acordos, geralmente em segredo;
- Depressão: Nesta fase surgem sentimentos associados à dor emocional, ao sofrimento profundo. Esta poderá ser uma fase de introspeção e isolamento, envoltos em tristeza, perda, culpa, descrença e medo.
- Aceitação: Esta fase fechou o Ciclo do Choque à Aceitação. É como se a luta tivesse terminado e o problema passa a ser enfrentado com consciência das possibilidades e limitações.
Este é o fechar do caminho iniciado pela ideia da perda irreversível e o encontro com todo um estado de reorganização emocional.
Aqui podemos dizer que subsiste:
- A aceitação da realidade da perda;
- Todo um trabalho interno através da dor ou da mágoa;
- Adaptação ao ambiente após a comunicação da doença;
- A tão desejada recolocação emocional e prosseguir com a vida
A vida sempre nos apresentará dificuldades, é assim que ela nos ensina lições novas e nos permite progredir, na certeza de que a doença oncológica é uma lição de esperança e de resiliência.
Mas a evolução ao nível da investigação tem sido animadora, assim, estima-se que em 2030, terá um aumento de cerca de 25% no número de casos de cancro, no entanto a taxa de mortalidade é cada vez menor!
Artigo elaborado pelo Serviço de Psicologia do CHTS
A Morte e o Luto
A morte e o luto

Daniela Mota Mendes, psicóloga clínica
Vivemos numa sociedade em que vários tabus começam a ser quebrados, no entanto, a morte continua a ser vista como um assunto “impronunciável”, um tema que deve ser evitado e ignorado, como se assim pudéssemos contornar a sua inevitabilidade. Condena-se a expressão da dor, que é vista como um sinal de fraqueza, exige-se força e controlo a quem sofre a morte de um ente querido, desconhecendo que tal exigência pode resultar num processo de luto complicado/patológico.
A prática clínica revela que poucas experiências serão tão dolorosas e difíceis de elaborar quanto o luto pela morte de alguém que amamos.
As formas como cada pessoa expressa o seu luto e a sua dor, são únicas e individuais, sendo que, não reagimos todos do mesmo modo. Viver o processo do luto não tem como objetivo esquecer; mas reaprender a viver, apesar da perda. Continuar-se-á a sentir falta de quem partiu e deseja-se estar ao seu lado, mas a elaboração de um processo de luto permite retomar a trajetória da vida. Do estado de luto não se espera uma cura, pois não se trata de uma doença, mas antes uma readaptação à vida.
O luto é um fenómeno natural, que representa a resposta a uma perda significativa. E são muitas as perdas com que somos confrontados ao longo do nosso ciclo vital.
Algumas das reações à perda, pela sua duração, intensidade e frequência com que ocorrem, podem ser consideradas reações patológicas. Nestes casos, o luto é visto como um processo que se afasta da normalidade, passando a ser encarado como patológico, com necessidade de intervenção especializada.
Texto originalmente publicado no Jornal Imediato a 5 de julho de 2019
Fome e Alimentação Emocional

Daniela Mota Mendes, psicóloga clínica
É unanimemente reconhecido que a alimentação não se limita à satisfação da sensação física de fome. O desejo de comer surge mesmo na ausência de necessidades energéticas e nutricionais. Alimentamo-nos e seleccionamos os alimentos em função do nosso estado emocional e, não só, das nossas necessidades fisiológicas. E fazemo-lo desde muito cedo, por exemplo, quando os pais oferecem um doce para sossegar, confortar ou recompensar a criança, aprendemos muito precocemente que os alimentos não possuem somente um valor nutritivo e energético, mas também um valor emocional.
A criança aprende a associar bem-estar à ingestão de comida e os alimentos passam a adquirir um significado afectivo. A comida torna-se na primeira estratégia para lidar com as situações desagradáveis, esta estratégia vai-se perpetuando no tempo, e, assim, as dificuldades afectivas vão despertar invariavelmente a fome emocional. Os alimentos vão sendo utilizados, ao longo da nossa vida, para celebrar, acalmar, aliviar ou confortar em momentos de tristeza ou de maior tensão emocional. E é neste sentido que surge o conceito de Alimentação e Fome Emocional.
Enquanto a fome fisiológica é gradual, responde a diferentes alimentos e termina quando as necessidades energéticas estão repostas, a fome emocional é súbita e urgente, exige um alimento específico e não termina quando o organismo se encontra saciado. Ou seja, usamos os alimentos para compensar tristezas, decepções, perdas, inquietações e ansiedade. Consequentemente, come-se exagerada e inapropriadamente na tentativa de saciar a fome emocional. Assim, emerge um consumo de alimentos pouco saudável que pode resultar no aumento excessivo de peso. A comida proporciona uma satisfação passageira, não resolvendo os problemas inerentes às alterações do humor, despertando reiteradamente a ingestão compulsiva como estratégia inadaptativa para lidar com os sentimentos negativos. Esta situação agrava-se, ainda mais, quando o aumento de peso provoca sentimentos de baixa auto-estima, desvalorização pessoal e/ou culpa por ter comido exageradamente.
Por sua vez, estes sentimentos podem aumentar, ainda mais, a fome emocional, criando um ciclo vicioso entre ingestão compulsiva e sentimentos negativos. Reconhece-se, actualmente, que, para solucionar o problema do excesso de peso, não basta fazer dieta ou seguir um plano de exercícios. Torna-se evidente a necessidade de aprender a distinguir entre fome física e emocional e identificar o que desencadeia a última.
No contexto atual de pandemia, em que nos vemos privados do nosso estilo de vida habitual, em que somos assombrados pelo isolamento social, por sentimentos de insegurança, tristeza, tensão, frustração e ansiedade, são muitas as pessoas que recorrem à comida numa tentativa de alcançar a tão desejada sensação de bem-estar.
De forma a evitar que tal aconteça torna-se importante:
- Reconhecer a diferença entre fome fisiológica e fome emocional;
- Assumir a ingestão de alimentos como forma de lidar com emoções desagradáveis;
- Perceber o que desencadeia a fome emocional;
- Reconhecer e expressar as suas emoções;
- Procurar estratégias mais adaptativas para lidar com o mal-estar e tensão emocional: relaxamento, exercício físico, ler um livro, conversar com um amigo, pintar, desenhar…
- Evitar fazer dietas restritivas;
- Dormir e descansar o suficiente.
A fome emocional é um sintoma que tem de ser decifrado e tem, como todos os sintomas, um motivo subjacente. Em algumas situações poderá ser necessária a intervenção psicológica, de forma a promover o autoconhecimento e auto-estima.