SaudávelMente - Conversas de Filhos e Pais
Quantas histórias tem a Páscoa?
Escrever sobre a Páscoa não é fácil. Estamos até com dificuldade de saber para que lado ir, mas é curioso que todos temos memórias de tantas e deliciosas Páscoas em família.
Havia um regresso à aldeia, nestes dias de festa. As aldeias renasciam. Havia movimento. Vozes animadas soavam do lado do único café, misturavam-se com os sons mais corriqueiros de pardais, estorninhos e andorinhas. Em ruas e becos, todo o ano abandonados, estavam estacionados carros, crianças que correm e famílias que caminham e conversam. É a Páscoa.
Abriam-se janelas de casas que não sabíamos, ainda, vivas. Dentro, o cheiro familiar evocava nítidas memórias, que se julgavam já perdidas. Arejavam-se as salas escuras, o sol esgueirava-se pelas portadas e derramava-se num soalho de castanho antigo que, desde há meses, gelava e humedecia. Estendiam-se toalhas de linho e panos bordados. Olhares saudosos espreitavam das molduras, de cima do aparador, da cómoda e das mesinhas de cabeceira. Reencontravam-se vizinhos,antigos colegas de escola e amigos.
No campo de volta da aldeia, o verde servia-se de todas as cores: verde-freixo, verde-carvalho, verde-negrilho, verdes tenros de muitos nomes, nos prados e de bons paladares para os herbívoros. Flores nas árvores de frutos. Flores nas courelas e nas bermas dos caminhos. Pudéssemos guardar isto tudo e levar no fim dessas breves estadias.
E a comida da Páscoa. Os folares salgados e doces! A comida e a memória estão intrinsecamente e afetivamente ligadas. Determinado prato ou sabor transporta-nos para um determinado local, ano, estação e estado de espírito. Ressuscitam-se lembranças, gestos, palavras e vivências. Se a vida fosse um filme, o que comemos e partilhamos à mesa teria muito mais de argumento do que de cenário.
O que, de verdade, importa nesta semana de Páscoa e em todos os outros recomeços é a compaixão, a atenção que dedicamos às pessoas e a nós mesmos — o amor e a gratidão que estão a todo o instante prontos para ressuscitar dentro de nós.Que seja uma Páscoa que liberte a emoção sincera das pessoas e que a possam expor com alegria, que os nossos filhos transformem em histórias e a possam assim recordar.
Este texto é da responsabilidade da equipa de enfermagem da Consulta Externa de Pediatria
Afetivamente bem educado
Afetivamente bem educado
Hoje em dia, quando se fala de afeto estamos a relacionar o termo com o amor, o carinho, o acolhimento e o aconchego. De facto, o amor, a aceitação e o carinho são afetos e manifestações afectivas, mas o afeto não se restringe a esse tipo de emoção ou sentimento. Os afetos são todos os sentimentos e emoções próprios do ser humano, ou seja: medo, raiva, angústia, tristeza, amor, alegria, desejo, prazer. Todo o imenso campo das emoções e sentimentos de uma pessoa é o campo afetivo.
Quando se diz que os afetos dos pais são importantes na vida dos filhos e vice-versa, está-se a dizer que existe uma relação saudável, em que há um vínculo verdadeiro, que necessariamente passa pelos afetos (emoções, sentimentos) e que eles são muito importantes para a saúde da relação pais/filhos. Aqueles pais, que não são “afetados” pelos comportamentos e manifestações dos seus filhos, têm dificuldade ou desinteresse nesta relação.
Todos os afetos, por serem sentimentos ou emoções, despertam na pessoa um determinado impulso para a acção, por exemplo, quando um filho pequeno ou adolescente desobedece ao pai e o enfrenta, esse comportamento provoca no pai um afeto – talvez irritação – e, movido por esta, o pai sente-se impelido a uma reação.
Chega-se, então, a um ponto fundamental no processo educativo das crianças e adolescentes e que precisa de ser muito bem compreendido pelos adultos, que educam. Os afetos são irracionais – são frutos da dimensão sensível (instintiva) da pessoa e, por isso, normalmente, são maus conselheiros. Se reagimos impulsionados por eles, temos uma enorme possibilidade de cometer erros educativos. O que fazer então? Amadurecer? Isso mesmo.
As crianças, como é natural, agem movidas pelos afetos. Elas ainda não têm um funcionamento racional, que se inicia em torno dos 5, 6 anos e, exatamente por isso, a única possibilidade que têm é de agir impulsivamente. Vão sendo estimuladas e ensinadas a iniciar o controle dos próprios impulsos na relação com os pais, irmãos, amigos e com os demais adultos, que fazem parte de seu quotidiano.
Os pais, ao contrário, já atuam racionalmente e têm capacidade de identificar o melhor modo de agir para corrigir e orientar a criança ou adolescente, ou para lhe ensinar um determinado comportamento. Portanto, entender como funciona a criança, compreender os próprios afetos e moderá-los, para agir da forma mais produtiva é o papel do adulto, daquele que tem a missão de educar e de ensinar a viver.
O que acontece,actualmente, é que vivemos e convivemos com algumas gerações de jovens e adultos, que não tiveram uma afetividade educada, não cresceram na tolerância, que modera os afetos e que promove o crescimento da solidez e da paciência. Sendo assim, mesmo sem perceberem, muitos pais acabam por agir, exactamente, como os seus filhos, ou seja, movidos pelos impulsos afetivos.
Efetivamente, a pessoa humana é muito mais do que a sua afetividade. Além dessas capacidades mais básicas e primitivas, nem por isso menos importantes, temos a inteligência e a vontade, ou seja, temos a possibilidade de, por meio da inteligência, colocar objetivos educativos, escolher estratégias para chegar a eles e, pela vontade, se assim determinarmos a lutar contra a preguiça, o conforto, a tendência em encontrar os caminhos mais fáceis e agir com determinação na direção dos objetivos que a inteligência nos apontou.
Concluindo, os afetos dão o tempero, o sabor, o tom às nossas ações, ao nosso modo de ser, mas não nos podem comandar. Se nos comandarem, seremos escravos deles e não pessoas livres, para procurar o que, realmente, identificamos como o melhor.
Os seus filhos são, afectivamente, bem educados?
A família é o lugar do Natal
A família é o lugar do Natal
“Enquanto estavam em Belém, completaram-se os dias para o parto, e Maria deu à luz o seu filho primogénito. Ela enfaixou-o, e colocou-o na manjedoura, pois não havia lugar para eles dentro da casa” … “encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura” (Bíblia, Lucas 2,16-17).
Assim está descrito o primeiro Natal – em família.
A família é o lugar onde somos cuidados, educados e crescemos. É, portanto, o lugar, por excelência, para a celebração do Natal, independentemente dos diferentes ideais ou crenças. E quem pensa que, para celebrar o Natal em família, festivamente ou não, é necessário contar com especiais condições estruturais e confortável situação financeira, está certamente muito enganado. A primeira festa de Natal aconteceu num estábulo. Num ambiente de absoluta pobreza, carência de condições dignas, numa total ausência de conforto de infraestrutura técnica. Todavia, havia algo em abundância: o afeto, o cuidado, o carinho, a atenção pela vida, a harmonia, a fé e a alegria.
A celebração do Natal chama-nos a atenção para a necessidade do reencontro das pessoas entre si, através da presença dos reis magos vindos de distintos pontos do mundo, mas não só, também nos fala da necessária harmonia entre as criaturas, por isso, também lá se encontram os animais e os anjos. O presépio é símbolo da harmonia numa casa, numa cidade, num país e num planeta comum.
Hoje em dia, aparentemente, a celebração de muitas festas natalinas são um evento, puramente, sóciocultural, mas deverá ser também a oportunidade para restaurar um clima de harmonia e paz, onde todos possam renovar a beleza da fraternidade que traz alegria, paz e sossego para a vida.
Em família, com as crianças, o momento idealizado para o Natal é muito mais do que ganhar presentes e, para isso, é necessário que elas percebam, aprendam e vivenciem o que, realmente, é o significado do Natal.
Podemos e devemos envolver as crianças em inúmeros tipos de tarefas natalícias, dentro de casa ou até mesmo como oportunidades de passeio e atividades ao ar livre:
- Escolher e fazer as decorações para as festividades;
- Montar a Árvore de Natal;
- Reunir material e reciclar para enfeites natalícios;
- Confecionar presentes;
- Criar e entregar postais de Natal;
- Encenar uma peça teatral de Natal;
- Cantar músicas natalícias;
- Ler a história da origem do Natal ou contos de Natal;
- Limitar o número de presentes (os reis Magos ofereceram três na totalidade!);
- Fazer chamadas para amigos e para familiares;
- Preparar, conjuntamente, os tradicionais doces de Natal;
- Colaborar na preparação da mesa de natalícia.
Envolver as crianças em todos estes preparativos para a festa de Natal e até noutros rituais, que possam fazer parte das suas festas, é uma forma de fazer com que elas percebam que este acontecimento é muito mais do que uma simples noite passada, ansiosamente, olhando para o relógio, à espera da meia noite, para finalmente abrir os presentes e partir para as guloseimas.
Independentemente de todos os problemas ou diferentes limitações, desejamos que todos vivam o Natal, SaudavelMente, em família!
Enf.ª Elisabete Teixeira (Enf.ª Saúde Mental e Psiquiátrica, Enf.ª Fernanda Centenico (Enf.ª Pediatria), Enf.ª Sónia Santos (Enf.ª Pediatria) e Dr. Tiago Branco (Médico Pediatra) são os responsáveis pela rubrica “Crescer SaudavelMente – conversas de filhos e de pais!”
Quantas histórias tem a Páscoa?
Quantas histórias tem a Páscoa?
Escrever sobre a Páscoa não é fácil. Estamos até com dificuldade de saber para que lado ir, mas é curioso que todos temos memórias de tantas e deliciosas Páscoas em família.
Havia um regresso à aldeia, nestes dias de festa. As aldeias renasciam. Havia movimento. Vozes animadas soavam do lado do único café, misturavam-se com os sons mais corriqueiros de pardais, estorninhos e andorinhas. Em ruas e becos, todo o ano abandonados, estavam estacionados carros, crianças que correm e famílias que caminham e conversam. É a Páscoa.
Abriam-se janelas de casas que não sabíamos, ainda, vivas. Dentro, o cheiro familiar evocava nítidas memórias, que se julgavam já perdidas. Arejavam-se as salas escuras, o sol esgueirava-se pelas portadas e derramava-se num soalho de castanho antigo que, desde há meses, gelava e humedecia. Estendiam-se toalhas de linho e panos bordados. Olhares saudosos espreitavam das molduras, de cima do aparador, da cómoda e das mesinhas de cabeceira. Reencontravam-se vizinhos,antigos colegas de escola e amigos.
No campo de volta da aldeia, o verde servia-se de todas as cores: verde-freixo, verde-carvalho, verde-negrilho, verdes tenros de muitos nomes, nos prados e de bons paladares para os herbívoros. Flores nas árvores de frutos. Flores nas courelas e nas bermas dos caminhos. Pudéssemos guardar isto tudo e levar no fim dessas breves estadias.
E a comida da Páscoa. Os folares salgados e doces! A comida e a memória estão intrinsecamente e afetivamente ligadas. Determinado prato ou sabor transporta-nos para um determinado local, ano, estação e estado de espírito. Ressuscitam-se lembranças, gestos, palavras e vivências. Se a vida fosse um filme, o que comemos e partilhamos à mesa teria muito mais de argumento do que de cenário.
O que, de verdade, importa nesta semana de Páscoa e em todos os outros recomeços é a compaixão, a atenção que dedicamos às pessoas e a nós mesmos — o amor e a gratidão que estão a todo o instante prontos para ressuscitar dentro de nós.Que seja uma Páscoa que liberte a emoção sincera das pessoas e que a possam expor com alegria, que os nossos filhos transformem em histórias e a possam assim recordar.
Este texto é da responsabilidade da equipa de enfermagem da Consulta Externa de Pediatria
Automedicação na infância
Automedicação na Infância
A automedicação caracteriza-se pela prática de ingestão de substâncias medicamentosas (remédios), sem a devida prescrição e sem o acompanhamento por parte de um profissional de saúde qualificado. Ou seja, ocorre quando alguém decide tratar-se, ou tratar os filhos ou as crianças de quem cuida, através do seu conhecimento pessoal, podendo recorrer a conhecimentos de familiares ou amigos, assim como à internet.
É ponto assente que os medicamentos são necessários na melhoria de algumas queixas e na manutenção do bem-estar físico das crianças, mas apenas serão, verdadeiramente, eficazes se houver uma indicação médica clara para a sua utilização. Atualmente, a questão da automedicação em pediatria é um grave problema de saúde pública em Portugal, por muito irreal que isso possa parecer.
Um dos maiores riscos de se utilizar, erradamente, medicamentos é tomar doses desadequadas e excessivas que podem originar efeitos colaterais indesejáveis e, consequentemente, quadros clínicos atípicos que podem, por vezes, ser interpretados de forma errada.
Um mesmo medicamento, na mesma dose, ao ser tomado durante o mesmo período de tempo por duas crianças distintas com diagnósticos similares, pode, no entanto, ter resultados diferentes, podendo ser bastante eficaz para uma e pouco eficaz na resolução dos problemas da outra.
O ideal seria que as crianças não fossem automedicadas pelos adultos cuidadores, dado que a vida saudável não se encontra nos anúncios de produtos, nem na opinião dos outros, nem na internet ou redes sociais.
Os remédios atuam no organismo de cada pessoa de modo diferente, principalmente nas crianças, quer pela sua fragilidade física, quer pelo seu organismo ainda em desenvolvimento. Uma criança não é um adulto em ponto pequeno.
Quanto maior for o número e quantidade de medicamentos ingeridos (automedicados), será igualmente maior a probabilidade de reações adversas prejudiciais para a criança ou adolescente.
A utilização indiscriminada de antibióticos pode levar a que algumas bactérias se tornem imunes e resistentes. Quando isso acontece, torna-se necessário recorrer a outros antibióticos mais fortes e cria-se, progressivamente, uma resistência aos antibióticos, o que constitui um sério problema de saúde pública, que se vai agravando no decorrer dos anos.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta para os perigos decorrentes de uma ingestão de medicamentos de forma não vigiada, tais como:
• Diagnóstico incorreto da patologia, assim como atraso e possível agravamento no tratamento da mesma, atrasando o tratamento correto da doença.
• Escolha de tratamento desadequado.
• Administração da dose de medicamento incorreta, seja pela subdosagem (escassez), seja pela sobredosagem (excessiva), podendo causar problemas no fígado e nos rins (pelo excesso de dose).
• Duração inadequada do tratamento.
• Possibilidade de reações alérgicas.
• Possibilidade de aparecimento de efeitos secundários que podem ser leves, moderados ou graves.
• Possíveis interações medicamentosas;
• Intoxicações, advindas da automedicação, podem ser letais.
• Armazenamento excessivo de medicamentos em condições propícias à sua deterioração e à confusão entre medicamentos e à ingestão acidental pelas crianças.
Existem situações de doenças recorrentes ou crónicas em que o cuidador tem um guia de tratamento verbal ou escrito, relativamente ao que deve fazer em caso de agravamento.
Nesses casos, existe uma série de conselhos que devem ser seguidos, com vista a praticar uma automedicação responsável, tais como:
• Ler com atenção o folheto informativo, antes de utilizar qualquer medicamento.
• Verificar se o medicamento não provoca interações com outros medicamentos, que esteja atualmente a tomar.
• Em caso de persistência de sintomas ou para esclarecimento de dúvidas, consultar um profissional de saúde adequado.
• Não utilizar medicamentos fora do prazo de validade.
• Não ultrapassar os períodos aconselhados para o tratamento.
• Caso surjam efeitos secundários adversos, consultar imediatamente o seu médico ou recorrer à urgência.
• Guardar os medicamentos em locais secos e de difícil acesso a crianças.
A prática da automedicação em pediatria não é uma prática adequada ou saudável. Recorra SEMPRE a um profissional de saúde.
Famílias Felizes na Era Digital – Primeira Infância
Famílias Felizes na Era Digital – Primeira Infância
A aprendizagem é uma grande e maravilhosa capacidade do cérebro. Deste modo, na primeira infância estabelecem-se as bases para estruturar todas as aprendizagens posteriores. Estes estímulos, que são a maior área de oportunidade, dão origem a funções como a linguagem, a memória e o raciocínio, logo mais importante e transcendente do desenvolvimento humano é a primeira infância, e é neste período que se consolidam os alicerces e a estrutura da personalidade harmoniosa e integral.
Efetivamente, a tecnologia acompanhou a humanidade desde os seus primeiros momentos no nosso planeta e cada revolução tecnológica veio acompanhada por um salto social (pelo menos, da mesma magnitude). Assim todas as novas tecnologias e descobertas contribuíram para a evolução humana, portanto, não é possível separar o contexto em que uma pessoa se desenvolve das tecnologias que a rodeiam. De facto, as novas tecnologias são ferramentas que podem promover um melhor desenvolvimento das crianças.
Podem fazê-lo através de uma educação formal, mas também na aprendizagem livre, guiadas pela curiosidade; podem ajudá-las a estabelecer e a manter relações sociais significativas com os que estão próximos, assim como com os que estão longe, e também podem ser uma forma saudável de entretenimento. No entanto, elas também podem ter um efeito muito negativo, quando são mal utilizadas, por exemplo, quando as usamos em horários que podem comprometer o sono das crianças, necessário para um crescimento, desenvolvimento e desempenho social e académico adequados.
Por outro lado todos os instrumentos que nós usamos, no nosso dia a dia, como escovas de dentes, por exemplo, são tecnologia. No entanto, a transformação digital, particularmente no século XXI, revolucionou a nossa relação com a tecnologia e, para o bem e para o mal, veio para ficar e devemos aprender a conviver, crescer e desenvolver com ela. Por isso, nos últimos anos, foram criadas numerosas alternativas que tiveram um grande impacto no desenvolvimento da humanidade, tanto individual como coletivo.
Desta forma, a Assembleia Geral das Nações Unidas, reiterando o papel relevante que as tecnologias de informação e comunicação desempenham hoje, como porta de entrada para o conhecimento, declarou, em 29 de junho de 2012, o acesso à internet como um direito humano, por ser uma ferramenta que facilita o crescimento e o progresso da sociedade como um todo (Organização das Nações Unidas, 2012). Através da internet, é-nos permitida a transmissão instantânea de informações, ideias e juízos de valor sobre ciência, comércio, educação, entretenimento, política, arte, religião e outras tantas áreas.
Contudo, este tipo de acesso à informação acarreta os seus próprios riscos, pois nem sempre as informações são precisas ou inofensivas, sendo esta uma realidade particularmente sensível para a primeira infância. Deve-se ensinar as crianças ( e os adultos!) a encontrar fontes confiáveis e a usar a tecnologia em segurança.
De facto, um número gigantesco de informação já foi digitalizado e está disponível na internet, sendo permitido o seu acesso em praticamente qualquer lugar, através de dispositivos móveis que consideramos “inteligentes”. Esta forma de usar e “vivenciar” a tecnologia gerou uma mudança fundamental na sociedade. Devemos lembrar-nos de que a tecnologia nos dá ferramentas, mas não deve ser um fim em si mesma. Não se trata apenas de considerar o tempo de uso, também é preciso ter em conta o conteúdo consumido, além da interação da criança com a tecnologia e com outras pessoas/personagens com as quais interage através dela, dado que é o mesmo usar a tecnologia para aprender, socializar ou divertir.
Atualmente, as novas tecnologias, aliadas às novas estratégias de aprendizagem, têm um grande potencial para desenvolver competências na educação, durante os primeiros anos de vida dos seres humanos. Através de um planeamento e desenvolvimento bem estabelecidos, poderão ser oferecidas infinitas possibilidades, desde uma formação baseada nas necessidades das crianças, até um acompanhamento mais personalizado dos alunos no processo de aprendizagem. Além disso, nos últimos anos, o acesso aos recursos e materiais didáticos disponíveis online foi melhorado, tornando-se acessíveis, praticamente em qualquer momento ou promovendo uma maior participação dos alunos, através da utilização de métodos inovadores, como o desenvolvimento de estratégias, de forma lúdica, para este mesmo processo de aprendizagem.
Por tudo isto, nós, como adultos importantes para cada criança com quem interagimos, devemos ajudá-las a lidar com as tecnologias de forma responsável e segura, para que a sua aprendizagem permita desenvolver o máximo potencial possível.
Concluindo, uso adequado e responsável das tecnologias na primeira infância promove novas formas de estabelecer relações sociais, nas quais os pais devem estar envolvidos no seu uso racional e acompanhado. É fundamental compreender e avaliar os riscos que podem surgir com o seu uso, assim como as vantagens da sua utilização nas escolas. Efetivamente, o aspeto mais importante a ser lembrado é que o uso da tecnologia não substitui o tempo de interação com a família.
Sejam incrivelmente felizes em família!
Infeções respiratórias e os cuidados essenciais para uma vida saudável
Infeções respiratórias e os cuidados essenciais para uma vida saudável
As infeções respiratórias constituem um conjunto de sinais e sintomas clínicos provocados por vírus ou bactérias, sendo as crianças, particularmente, vulneráveis. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define, como infeções respiratórias, as doenças que ocorrem no trato respiratório, tanto superior como inferior, nas quais há a obstrução da passagem do ar, tanto a nível nasal, quanto a nível dos brônquios e pulmonar.
As infeções agudas podem variar desde pneumonias e resfriados comuns, a infeções mais graves, como a tuberculose. Embora as infeções das vias respiratórias superiores sejam muito frequentes, mas de fácil resolução, as infeções das vias respiratórias inferiores são responsáveis por doenças mais graves, tais como gripe, pneumonia, tuberculose e bronquiolite.
As infeções respiratórias podem ser influenciadas pelas estações do ano, principalmente, quando se relacionam com algumas variáveis meteorológicas, tais como a temperatura ambiente, a humidade relativa do ar e a chuva. Os fatores responsáveis pelo maior desenvolvimento de vírus e bactérias, nesta época de inverno, são diversos, sendo que o frio e a chuva não são os principais responsáveis – são os vírus e as bactérias.
No inverno, as alergias respiratórias pioram muito, devido às infeções virais frequentes, ao aumento da poluição ambiental, às constantes e bruscas mudanças meteorológicas, ao ar seco do ar condicionado e ao uso que casacos, pijamas, lençóis e cobertores, que são utilizados sem lavagem prévia após serem retirados dos armários, depois de muito tempo guardados.
A vivência da pandemia por Corona vírus permitiu-nos esclarecer e fortalecer as práticas básicas de higiene e cuidados com a saúde e reconhecer que o primeiro passo é a prevenção. Os vírus infetam a maioria das pessoas, durante a vida, e causam doença respiratória leve a moderada no trato respiratório. Os sintomas podem incluir pingo, dor de garganta e febre.
Os vírus, algumas vezes, podem causar infeção do trato respiratório inferior, como as pneumonias, sendo bastante comum em crianças. Estas infeções respiratórias são doenças de alto contágio devido ao seu elevado potencial de propagação, que acontece principalmente pelas gotículas de saliva; espirro; tosse; catarro; contacto pessoal próximo, como o toque ou o aperto de mão; contato com os objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contacto com a boca, o nariz ou os olhos.
Apesar de não ser possível a prevenção da totalidade das formas de infeções respiratórias, existem muitas práticas simples que podem reduzir a contaminação e fortalecer o sistema imunológico, tais como:
- Manter uma alimentação equilibrada: para fortalecer as defesas do organismo é importante aumentar a ingestão de carotenóides (vegetais e frutas amarelo-alaranjados), frutas cítricas (ricas em vitamina C), alimentos ricos em vitamina E (grãos, azeite e ovos), zinco (peixes, carnes e aves), vegetais verde-escuros, leguminosas (ricos em ácido fólico) e probióticos (iogurtes);
- Praticar exercício físico: a prática regular de exercício físico moderado traz benefícios, ao nível do sistema cardiovascular, da função respiratória e do tónus muscular; diminui os níveis de ansiedade, favorecendo a estabilidade emocional, promove o controlo metabólico; otimiza o peso e a massa corporal, bem como a melhoria da função imunológica;
- Ter um sono de qualidade: um sono de qualidade melhora o equilíbrio físico, mental e emocional da criança; fortalece o seu sistema imunológico; ajuda a prevenir doenças e tem grande importância para o bom funcionamento do cérebro. O sistema de defesa do organismo é prejudicado, quando a criança dorme pouco ou mal e isso aumenta o risco de doenças;
- Beber muita água: manter-se hidratado é fundamental. para garantir uma boa imunidade.
São as recomendações básicas de higiene que evitam o risco de contrair ou transmitir doenças respiratórias: - Frequente lavagem e higienização das mãos, com água e sabão, principalmente, antes de consumir algum alimento;
- Utilizar lenço descartável para higiene nasal;
- Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir, com cotovelo flexionado, ou utilizar de um lenço descartável (nunca a mão);
- Higienizar as mãos, após tossir ou espirrar;
- Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca, sem higienização adequada das mãos;
- Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência (os brinquedos, os puxadores de porta ou a mesa);
- Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
- Evitar contato próximo de pessoas que apresentem sinais ou sintomas de infeção respiratória;
- Manter os ambientes bem ventilados;
- Obter informações e orientação com profissionais de saúde
Concluindo, “prevenir é melhor que remediar”, expressão antiga que, ainda, faz todo o sentido nos dias atuais. A adoção de medidas simples no nosso comportamento pode ser a primeira medida, para prevenir e controlar as doenças respiratórias na infância.
Dia Mundial dos Cuidados Paliativos
Dia Mundial dos Cuidados Paliativos
A 8 de outubro assinala-se o Dia Mundial dos Cuidados Paliativos
E este é um dia para falar de afetos e de amor.
Às vezes, a normalidade dos dias faz -nos esquecer de agradecer a vida. Somos muito em alguns dias e perdemo nos noutros tantos.
Hoje, ao lembrarmos os afetos, lembrem-se dos milhares de crianças espalhadas por esse mundo fora, que lutam contra um real bicho papão. Hoje é dia mundial destas crianças, pais e cuidadores. Hoje não podemos nem devemos florear o dia. Hoje devemos ter consciência de que esta dor aparece sem darmos conta. Um prognóstico reservado, uma luta silenciosa, muitos dias de angústia e outros tantos de resignação.
Hoje é dia de desconstruir muita coisa e sentar no jardim, na relva… olhar e dizer que somente o amor nos constrói e faz com que tenhamos reciprocidade eterna de amor.
Hoje, particularmente, é dia de os homenagear, meninos e meninas, que são autênticos super heróis de cabeças rapadas, de fios alojados no corpo, de seringas que marcam as veias. Queremos que quem nos lê, pense em vocês, que com as poucas esperanças, que vos dão, conseguem encher o peito de força, coragem, gratidão e alegria no dia a dia.
Desejamos que todos os teus dias sejam lindos de viver. Desejamos que se sintam lindos e maravilhosos. Radiantes e incríveis, porque o são.
Vocês são uma imensidão de talentos todos juntos. São admiráveis! São de uma força brutal! Já viram por tudo o que passaram e a forma como caem e se levantam?
É o vosso dia, hoje e todos os dias.
Por muitas doçuras, muitos sorrisos e muitas brincadeiras. Tu mereces muito! Vocês merecem muito!
Com toda a admiração do mundo.
A higiene do sono no regresso às aulas
A higiene do sono no regresso às aulas
A higiene do sono também é conhecida por bons hábitos de sono. Pode ser definida como um conjunto de comportamentos e hábitos adequados, associados a condições apropriadas do ambiente, que promovem um sono reparador e previnem a sonolência, durante o dia.
Deste modo, o número de horas de sono, a sua qualidade e o seu ritmo são muito importantes no desempenho escolar das crianças. Todos sabemos que as noites mal dormidas não permitem que a criança tenha a mesma concentração e atenção nas aulas, podendo interferir no rendimento escolar. O hábito de a família se deitar tarde não deve servir como exemplo para os filhos, que devem ter horários diferentes.
Nos dias de hoje, vive-se num ritmo de vida muito movimentado, mesmo nas férias, a ponto de necessitarmos de umas férias das férias.
Por outro lado, ao contrário dos adultos, cujas férias são mais curtas, as crianças e jovens em idade escolar desfrutam de mais de dois meses de férias.
As férias das crianças ocorrem numa etapa do ano de grande exposição ao sol e de atividade frenética com grande variação de horários e ausência de uma rotina na hora de dormir.
Por sua vez, estes horários flexíveis acabam por produzir um desajuste no relógio biológico. A rotina de sono deixa de ter uma estabilidade e cada dia é uma aventura diferente. No entanto, tudo isso acaba de repente, quando a meio de setembro existe a obrigação de retomar a atividade escolar.
Então, como conseguir que o seu filho retome o padrão de sono ideal?
Já vimos que as férias provocam um desajuste na rotina de sono dos nossos filhos. A transição de não ter limites de horários a ter que se levantar, de novo, às sete ou oito da manhã, para retomar as aulas, não é propriamente saudável. Por isso, de um modo gradual, temos de os preparar, através de um processo mais natural, progressivo e sustentável, que os ajudará a retomar o seu padrão de sono habitual.
1. Retomar o horário escolar, antes das férias terminarem (início de setembro).
Para não fazer com que as crianças dêem voltas e mais voltas na cama, na última noite, antes de regressar à escola, por que não adequamos o horário duas semanas antes? Não é necessário fazer tudo de uma vez para que a criança não passe a deitar-se 2 ou 3 horas antes, repentinamente. Pode, por exemplo, deitar-se uns vinte minutos mais cedo que no dia anterior, alguns dias antes, e assim ajuda-o na sua higiene de sono e a adaptar-se ao novo horário.
2. Prepare mentalmente o seu filho para o regresso às aulas.
Certamente que, ainda, se recorda do que sentia, na noite anterior ao regresso às aulas, após dois meses, sem ver os seus colegas? Essa mistura de ansiedade, nervos, expectativas e vontade de contar as histórias do verão, formam um cocktail que o seu filho também vivencia. Por isso, nos últimos dias de férias do seu filho, esteja, ainda, mais presente. Tenha atividades ao ar livre e converse com ele, realçando sempre os aspetos mais positivos do regresso à escola.
3. Depois de retomar o horário habitual do ano, faça com que este se cumpra.
De pouco vai servir retomar o horário habitual, do período de aulas, 2 semanas antes, se 3 dias depois já não está a conseguir que o cumpra. Não só há que ser constante com as responsabilidades escolares, mas também com a rotina do sono. Há que estabelecer um horário de deitar e levantar às mesmas horas. E, caso seja possível, também deverá haver o cumprimento, durante os fins de semana.
A esta rotina, deve-se juntar atividades, como o escovar de dentes, o banho, o pequeno-almoço, os horários com os trabalhos de casa e, também, quando se poderá brincar com os dispositivos eletrónicos.
4. Um bom descanso noturno é excelente para a saúde do seu filho
O regresso à escola está a correr muito bem, deita-se à mesma hora todas as noites e levanta-se com vontade de ir para a escola, após um bom pequeno-almoço. Mas, de que serviria tudo isto, se a criança não está a descansar devidamente? Faça com que o seu filho descanse num colchão, almofada e roupa da cama com características adequadas a uma boa qualidade de sono.
Bons sonhos! Feliz regresso às aulas!
Influência positiva do ambiente familiar na construção da saúde mental
Influência positiva do ambiente familiar na construção da saúde mental nas crianças e adolescentes
A saúde mental infantil é um assunto que deveria ser, amplamente, debatido em casa, na escola e na sociedade. De facto, os transtornos mentais podem manifestar-se, de modos diferentes, nas crianças e adolescentes e os seus sintomas podem ser confundidos com problemas comportamentais, dificultando, assim, o seu diagnóstico. Podem, também, sofrer com transtornos de conduta, os quais são, comummente, interpretados como manha, birra ou má educação. Quando a criança apresenta um comportamento muito atípico ou agressivo, em casa, e é diferente na escola (ou vice-versa), é provável que tenha algum problema comportamental.
Como as crianças têm dificuldade em cuidar das suas próprias emoções e condutas, por serem inexperientes e estarem em fase de desenvolvimento, os adultos, presentes nas suas vidas, devem estar atentos aos sinais de perturbações na saúde mental infantil.
As crianças e adolescentes podem ter depressão, ansiedade e outros transtornos?
As crianças e adolescentes também são suscetíveis à perturbação do bem-estar emocional, embora, por vezes, não a expressem da mesma forma que os adultos.
Os sintomas da depressão infantil e juvenil, por exemplo, são semelhantes aos da depressão que acomete os adultos. A criança depressiva encontra dificuldades para transformar os seus sentimentos em palavras.
Em vez disso, elas extravasam através de comportamentos inapropriados, como crises de choro, agressividade com os pais e na escola, isolamento dos amigos, baixa autoestima, maus resultados escolares e regressão em atitudes de crianças mais novas ou bebés. Também a quietude, tristeza e apatia nas crianças são sempre um indicativo de que algo não está bem.
Ansiedade, Síndrome do Pânico, Transtorno de Deficit de Atenção (TDAH), distúrbios alimentares e outras condições prejudiciais à saúde mental infantil manifestam-se de maneira semelhante à depressão. Deste modo, logo que algum sintoma for notado, a criança deve consultar um profissional de saúde.
De acordo com a Mental Health Foundation (Fundação da Saúde Mental, em português), instituição com base na Inglaterra, cerca de 70% das crianças e dos jovens não recebem o tratamento necessário, na idade adequada, ou seja, a criança sofre durante a infância e a adolescência, iniciando a jornada adulta com diversas pendências emocionais.
Assim, um novo problema surge. Muitos adultos, em determinada idade, não costumam fazer terapia para modificar comportamentos negativos, por acreditarem na expressão popular “eu sou assim e vou morrer assim”.
Como a negligência com a saúde mental infantil afeta o desenvolvimento?
A negligência com a saúde mental infantil resulta em vários impasses emocionais e comportamentais. Muitos deles poderiam ser facilmente tratados com a psicoterapia infantil e, assim, reduzir o sofrimento dos mais pequenos, durante uma fase, habitualmente, tão feliz da vida.
A infância deveria ser livre de preocupações e tristezas.
Mesmo quando a criança enfrenta circunstâncias de vida desfavoráveis, como a pobreza ou a falta de acesso à educação, a sua mente pode ser poupada da desesperança.
Ela pode ser ensinada a ser resiliente e otimista,dentro do seu contexto social. Obviamente, este é um trabalho árduo, mas longe de ser impossível.
Algumas consequências de não cuidar da mente das crianças, além do surgimento de transtornos mentais, são:
• dificuldade para comer, de maneira saudável, e de se exercitar regularmente, pois a criança não aprende que a saúde mental e física estão interligadas;
• conflitos na escola;
• desempenho escolar precário. Consequentemente, a criança não exercita o cérebro e não adquire conhecimento básico, atrasando o seu desenvolvimento cognitivo;
• desconfiança nos pais e outros adultos;
• dificuldade ou inabilidade de se sentir amado ou compreendido;
• estabelecimento de relacionamentos interpessoais pouco saudáveis na vida adulta;
• sufocamento dos sentimentos e das emoções;
• baixa autoestima;
• ausência de autoaceitação, a qual pode levar a conflitos de identidade duradouros;
• sentimento de inutilidade, como se não importasse;
• sensação de que precisa de trabalhar, além do necessário, para chamar atenção, o que pode levar ao esgotamento ou a frustração;
• falta de apego aos familiares;
• inaptidão para processar e se livrar de mágoas da infância;
• postura de fácil desistência perante problemas;
• transtornos de conduta.
Como promover a saúde mental infantil?
Promover a saúde mental infantil é mais simples do que se possa pensar. Muitas vezes, o que falta é uma mudança de perspetiva.
– Permitir que a criança seja uma criança
Da mesma forma que as crianças precisam ter responsabilidades, de acordo com suas capacidades físicas e mentais, também precisam de brincar.
A brincadeira é a maneira das criançasexercitarem o cérebro e o corpo e de se autoexpressar. Preferencialmente, o momento de diversão deve conter brincadeiras à moda antiga, como correr, jogar ou saltar.
No entanto, na era digital, sabemos que isso nem sempre é sempre possível. Ainda assim, procure diversificar os períodos de brincadeira dos filhos, nas suas horas vagas, encorajando-os a praticar desporto e a fazer jogos mais ativos.
– Demonstrar sentimentos (à sua maneira)
Alguns pais têm dificuldades afetivas, oriundas da sua própria infância. Cada pessoa expressa os seus sentimentos de maneira única.
Só não se esqueça de demonstrar o quanto os seus filhos são importantes e o quanto os ama e, se algum dia duvidarem, converse com eles sobre as diferentes maneiras de amar.
Por exemplo, o amor pode ser expresso por meio de atos, em vez de palavras.
Pode parecer uma preocupação anormal, mas muitas crianças sentem falta de afeto dos pais, enquanto crescem.
– Acompanhar a vida escolar do filho
A escola é o ambiente social mais importante das crianças. Lá, elas aprendem a fazer amizades e a serem responsáveis.
Os professores convivem muito com os mais pequenos e têm uma vasta experiência com crianças e, por isso, conseguem identificar problemas comportamentais mais rapidamente. Assim, a sua opinião torna-se muito válida nas preocupações dos pais.
– Valorizar as suas emoções, opiniões e traços de personalidade
A criança tem a sua própria individualidade. Embora a sua personalidade não esteja totalmente formada, já expressa traços, qualidades e defeitos, os quais podem ser estimulados ou minimizados pelos pais. O ideal é permitir que ela se expresse e ajudá-la a corrigir condutas que podem causar mal a elas e aos demais.
– Ensinar a solucionar problemas
Ensine os seus filhos a solucionarem problemas, tais como zangas com amigos, notas baixas ou objetos quebrados, de forma inteligente.
Quando os pais fazem tudo pela criança, ela não aprende a resolver os seus próprios obstáculos e torna-se, emocionalmente, dependente. Já quando os filhos são ensinados a encontrar soluções, eles aprendem a lidar com a frustração e a ser emocionalmente inteligentes.
A SAÚDE DO CORPO E DA MENTE TEM INÍCIO NA INFÂNCIA.
O Dia do Pai é também Dia da Família
O Dia do Pai é também Dia da Família
Muitas pessoas cresceram e, ainda, acreditam que a comemoração do Dia do Pai é uma invenção comercial, com o objetivo de aumentar as vendas, mas, não é.
No início do século XX (1909),um ex combatente da Guerra Civil e fazendeiro americano, ficou viúvo com seis filhos. Este pai teve, então, de acrescentar às suas tarefas de fazendeiro e do tradicional papel masculino, também as funções de mãe. Há 100 anos, este era um pai muito singular e, sem dúvida, muito completo. E o dia do pai foi requerido às autoridades pela sua filha, a norte-americana Sonora Smart Dodd, que inventou essa festa, em homenagem ao seu pai.
Nos Estados Unidos, mantém-se a mesma data, no mês de junho. Em todo o mundo esta data foi e é ajustada a festejos de cariz religioso ou festivo. Em Portugal este dia é festejado no dia de S. José, pai adotivo de Jesus Cristo.
Todos os dias, com os pais, deveriam ser especiais e não apenas um dia por ano, para o “dia do pai”; ou duas vezes por ano (para “o dia do pai” e o “dia dos anos do pai”). Deste modo, através desta reflexão, há uma oportunidade de construir uma nova rotina de todos os dias, porque uma relação saudável com o pai é o essencial para o bem-estar de ambos. E, depois, várias vezes por mês, pode fazer-se um programa especialmente surpreendente só entre o pai e o filho, num dia, com um pai totalmente disponível, com um tempo de qualidade para cuidar, brincar e estar.
Efetivamente, os pais têm muitas formas de organizar esses dias especiais: preparar um pequeno almoço delicioso, cozinhar o seu prato preferido, andar de bicicleta, fazer um desenho ou pintura, escalar uma montanha, passear no campo ou na praia, comer um gelado, ver um filme, jogar um jogo…
De facto, os filhos imitam os pais desde o nascimento, mas os pais, muitas vezes, só se apercebem disso, mais tarde, quando os observam em momentos semelhantes que os filhos criaram para si.
Assim, a influência dos pais exerce-se mais por aquilo que fazem (os seus comportamentos), do que por aquilo que dizem (discurso).
As relações entre um pai e um filho dependem da maneira de ser de ambos e há sempre necessidade, de parte a parte, de ajustar os seus comportamentos de modo a poderem criar-se referenciais comuns de relação, considerando que os filhos são diferentes em diferentes momentos do seu desenvolvimento, e que as mudanças na maneira de ser são mais rápidas numas alturas do que outras, dependendo, por exemplo, de serem rapazes ou raparigas.
A qualidade da relação entre filhos e pais ajuda a que ambos se conheçam, observando-se, com carinho e atenção. Permite que conheçam as caraterísticas de ambos e as suas preferências (a comida, a série, o desporto e clube, e a música preferidos). Permite que se conheçam as necessidades de ambos, as suas emoções (o que os faz tristes, o que os faz contentes, o que os faz zangados…), conhecer os seus medos.
Existem muitas coisas simples sobre os pais e os filhos, que ambos não sabem e que gostariam de saber. Os filhos adoram ouvir histórias da vida dos pais, de quando eram pequenos, de como se conheceram ou de como escolheram o seu nome. Os jovens, às vezes, sentem que, apesar do tempo que estão com os pais, não os conhecem e sabem pouco sobre eles.
É bom que os filhos tenham a oportunidade de perguntar aos pais todas as coisas que gostariam de saber sobre eles, em conversas informais, descontraídas, durante um passeio ou numa viagem de carro. Os filhos precisam de conhecer melhor os pais, para, assim, melhor se conhecerem. É muito importante que os filhos possam ter respostas sobre a vida dos seus pais, a sua infância (como eram os seus pais quando eram pequenos?), sobre a relação (como se conheceram os pais?), sobre a escola (qual era a disciplina preferida dos pais?), sobre o trabalho (qual foi o primeiro emprego dos pais?), sobre o lazer (que países gostavam de conhecer?), sobre os valores (qual o melhor conselho que receberam?).
A figura paternal nem sempre é ou tem de ser a biológica, mas, seja ela qual for, aproveite este dia (e os outros 364) para dizer o quão importante é para si essa pessoa, seja ele um pai, um avô, um padrinho, um irmão mais velho ou qualquer outro que represente essa figura de cuidado e proteção. E, não se esqueça, celebrar o amor e a família deve ser uma ação de todos os dias.