Descomplicar a gravidez

MOVIMENTOS FETAIS

 

A perceção materna dos movimentos fetais inicia-se no 2.º trimestre da gravidez e é habitual ocorrer mais tardiamente na primeira gravidez (18-21 semanas) do que nas seguintes (16-18 semanas).

O padrão de movimento do bebé é único e é importante identificar e reconhecer o padrão específico do seu bebé. Frequentemente, o final do dia e o início da noite correspondem a períodos de maior atividade.

A atividade fetal global aumenta progressivamente até às 28 semanas de gestação e depois mantém-se estável até ao termo. É importante ter em conta que à medida que o seu bebé vai ficando mais maduro, vai-se acentuando o seu ritmo circadiano: dorme durante mais tempo. Durante o sono profundo do bebé há uma menor perceção dos seus movimentos. Estes períodos de sono fetal podem durar 20-40 minutos.

A diminuição dos movimentos fetais é uma causa comum de preocupação e que motiva frequentemente a observação médica no Serviço de Urgência de Obstetrícia. Por vezes, existem algumas condições (da mãe ou do feto) que podem dificultar a perceção dos movimentos fetais, tais como:

  • Primeira gravidez
  • Excesso de peso
  • Tabagismo
  • Jejum prolongado
  • Atividade e posição maternas
  • Toma de sedativos (calmantes, álcool)
  • Ansiedade ou stress materno
  • Posição da placenta (anterior)
  • Posição das costas do bebé
  • Quantidade de líquido amniótico

Deve procurar observação médica se já tem mais de 24 semanas de gestação e nunca sentiu o seu bebé, se sente que o seu bebé mexe menos do que o seu padrão habitual ou se, após 2 horas deitada para o lado esquerdo, concentrada e após ingerir algum alimento, o seu bebé mexeu menos do que 10 vezes.

Descomplicar a gravidez é um projeto do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) que tem por objetivo eliminar mitos e esclarecer dúvidas da população acerca da gravidez.
Fabiana Castro, António Pinho e Maria Liz Coelho, Médicos Internos de Formação Específica de Ginecologia e Obstetrícia, são os responsáveis pelo desenvolvimento deste projeto, sob orientação de Médicos Especialistas.
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Bibliografia:
1. Royal College of Obstetricians and Gynaecologists. (2011). “Reduced Fetal Movements. Green-top Guideline No. 57”.
2. Hosp. Universitari Clínic Barcelona y Hosp.Sant Joan de Déu. (2010). “Protocolo: Disminución de los movimentos fetales”.
3. National Institute for Health and Clinical Excellence Royal Berkshire. (2016). “Maternity Guidelines – Reduced Fetal Movements (GL903)”.
4. Hofmeyr GJ et al. – Cochrane Database Syst Rev (2014). “Management of reported decreased fetal movements for improving pregnancy outcomes”.
5. Mangesi L. et al. – Cochrane Database Syst Rev. (2007). “Fetal movement counting for assessment of fetal wellbeing”.

VIAJAR DURANTE A GRAVIDEZ

 

É seguro?

Para a maioria das grávidas, sim!  Contudo, o mesmo não se aplica a mulheres com complicações da gravidez.

Aconselhe-se junto do seu médico se apresenta alguma condição que possa contraindicar a viagem.

 

Qual a melhor altura para viajar?

O 2º trimestre da gravidez (14-28 semanas) é o período mais seguro para viajar.

Depois das 28 semanas, as grávidas terão mais dificuldade em andar ou estar sentadas durante longos períodos.

Após as 36 semanas, os riscos são acrescidos e por isso devem evitar-se (se viajar de avião deverá verificar o limite permitido pela companhia aérea).

 

Antes de viajar:

  • Informe-se com o seu médico se poderá viajar.
  • Evitar viajar para locais com Zika e malária endémicos.
  • Verifique que tem as vacinas atualizadas e se precisa de alguma suplementar em função do destino que escolheu.
  • Se viajar de avião, verifique as políticas da companhia aérea para mulheres grávidas.
  • Verifique se no destino que escolheu existe uma instituição de saúde com cuidados obstétricos, caso seja necessário.
  • Ponderar fazer um seguro de saúde para a viagem;

 

Dicas para quando viajar:

  • Levar o Boletim de Saúde da Grávida e/ou outra informação útil sobre a gravidez.
  • Durante a viagem, aperte o cinto de segurança abaixo do abdómen.
  • Se viajar de carro, faça paragens durante o trajeto para pequenas caminhadas. Se for de avião, levante-se durante a viagem. Se tiver de ficar sentada, mexa as pernas e os pés com regularidade.
  • Use meias de compressão, especialmente em viagens longas (≥4horas).
  • Evite roupa apertada.
  • Beba muitos líquidos
  • Tenha cuidado com os alimentos que consome: comidas servidas quentes são geralmente mais seguras; evitar comida de rua; ter cuidado com as frutas e legumes crus; beba apensas bebidas engarrafadas.

 

Deverá procurar observação se apresentar estes sinais ou sintomas durante a viagem:

  • Hemorragia vaginal
  • Dor/contrações abdominais
  • Rotura de membranas (perda de líquido pela vagina)
  • Vómitos e diarreia severas
  • Perna vermelha quente e inchada
  • Falta de ar/dor no peito
  • Dor de cabeça que não melhora ou alterações da visão

 

Países com Zika e Malária

É desaconselhado viajar para destinos com Zika ou malária endémicos.

Se tiver de viajar para estes países deverá usar repelente e ter cuidado para evitar a picada por mosquitos.

Se o seu companheiro viajar para destinos com Zika, deverá usar preservativo até ao final da gravidez (também há transmissão por via sexual).

Se viajar para zonas com malária consulte o seu médico acerca da toma de medicação profilática antes da viagem.

 

Descomplicar a gravidez é um projeto do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) que tem por objetivo eliminar mitos e esclarecer dúvidas da população acerca da gravidez.

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Bibliografia:
  1. American college of Obstetricians and Gynecologists. FAQS: Travel During Pregnancy. 2020
  2. ACOG Committee on Obstetric Practice. ACOG Committee Opinion No. 443: Air travel during pregnancy. Obstet Gynecol. 2009 Oct;114
  3. CDC: Pregnant Travelers, junho 2022
  4. CDC Yellow Book: Pregnant Travelers, 2017

POSIÇÃO PARA DORMIR NA GRAVIDEZ

 

A posição para dormir na gravidez pode causar alguma ansiedade e é frequente a grávida não se sentir confortável e alterar a sua posição várias vezes durante os seus momentos de descanso.

A partir das 28 semanas, a posição ideal para dormir, seja durante a noite, seja em sestas diurnas, será de lado, com um ou ambos os joelhos fletidos.

Dormir de barriga para cima nesta fase final da gestação fará com que todo o peso do útero e bebé pressione alguns vasos importantes que conduzem sangue ao coração. Essa pressão poderá associar-se a dificuldade respiratória e a tonturas, conduzindo ainda a uma eventual diminuição da oxigenação do bebé, interferindo com o seu bem-estar.

Uma estratégia que poderá auxiliar a grávida é a colocação de várias almofadas em locais estratégicos: atrás das costas, entre os joelhos e debaixo da barriga, entre a cama e esta.

De qualquer das formas, se a grávida acordar numa posição diferente não deverá ficar preocupada, mas apenas corrigir a sua postura.

 

Descomplicar a gravidez é um projeto do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) que tem por objetivo eliminar mitos e esclarecer dúvidas da população acerca da gravidez.
Fabiana Castro, António Pinho e Maria Liz Coelho, Médicos Internos de Formação Específica de Ginecologia e Obstetrícia, são os responsáveis pelo desenvolvimento deste projeto, sob orientação de Médicos Especialistas.
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Bibliografia:
1. https://www.acog.org/womens-health/experts-and-stories/ask-acog/can-i-sleep-on-my-back-when-im-pregnant – janeiro de 2021;
2. Sleep On Side Parent Pamphlet – RANZCOG.
3. Heazell A, Li M, Budd J, Thompson J, Stacey T, Cronin RS, Martin B, Roberts D, Mitchell EA, McCowan L. Association between maternal sleep practices and late stillbirth – findings from a stillbirth case-control study. BJOG. 2018 Jan;125(2):254-262.

TABACO, GRAVIDEZ e AMAMENTAÇÃO

 

O efeito do tabaco na saúde é amplamente conhecido sendo, no caso da mulher grávida, a principal causa evitável de complicações na gravidez, tanto para a mãe como para o bebé.

O fumo do tabaco é constituído por mais de 7000 compostos químicos, entre os quais, a nicotina, o monóxido de carbono, o chumbo e o cianeto de hidrogénio, todos eles com efeitos nefastos no desenvolvimento e crescimento do bebé.

A placenta constitui a interface entre a mãe e o bebé, sendo através dela que recebe todos os nutrientes e oxigénio que precisa para o seu desenvolvimento. O uso de tabaco durante a gravidez provoca alterações na placenta levando à diminuição da oxigenação do bebé e da eliminação de substâncias tóxicas.

Fumar durante a gravidez associa-se a:

  • Aumento do risco de parto pré-termo (antes das 37 semanas),
  • Restrição do crescimento fetal,
  • Baixo peso ao nascer (< 2500g),
  • Rotura prematura de membranas,
  • Malformações congénitas nomeadamente da face/boca (lábio leporino associado, ou não, a fenda palatina), entre outros.

Idealmente, a mulher deve deixar de fumar antes de engravidar, no entanto, se tal não acontecer, a cessação tabágica é benéfica em qualquer momento da gravidez, devendo ocorrer o mais precocemente possível de modo a diminuir o risco de impacto no bebé.

De ressalvar, que o efeito nefasto de fumar durante a gravidez mantém-se mesmo após o nascimento do bebé associando-se a:

  • Aumento do risco da ocorrência de síndrome de morte súbita do lactente,
  • Desenvolvimento de doenças pulmonares como a asma,
  • Aumento da frequência de infeções respiratórias,
  • Otites,
  • Problemas de sono no bebé/criança,
  • Probabilidade de a criança vir a fumar na idade adulta, entre outros.

O uso de substitutos do tabaco, como os cigarros eletrónicos, não são aconselhados no decurso da gravidez ou amamentação uma vez que não há estudos suficientes sobre os seus possíveis riscos para o bebé.

Se fuma não deve evitar amamentar, no entanto, o fumo do tabaco durante a amamentação é responsável por uma diminuição da produção do leite e da sua concentração em gordura que se associa, inevitavelmente, a uma redução do período de amamentação.

A gravidez pode representar para a mulher uma oportunidade para a alteração do estilo de vida e de aquisição de hábitos saudáveis que se mantenham após o nascimento do bebé, contribuindo para a redução do risco de aparecimento de doenças crónicas incapacitantes e de morte prematura a longo prazo.

Por tudo isto, deixar de fumar representa uma das decisões mais importantes que pode tomar para o desenvolvimento saudável do seu bebé/criança.

Bibliografia:
• Normas de Orientação Clínica. Cessação Tabágica na Gravidez. Direção Geral de Saúde; 2015. Disponível em http://nocs.pt/wp-content/uploads/2018/01/Manual-Cessação-Tabágica-Gravidez.pdf (Consultado em agosto 2022).
• CDC: Pregnant? Don´t Smoke!, Agosto 2022.
• American college of Obstetricians and Gynecologists. FAQS: Tobacco, Alcohol, Drugs, and Pregnancy, Agosto 2022.
• Rodriguez, D., (2022). Cigarette and tobacco products in pregnancy: Impact on pregnancy and the neonate. In K. Eckler (Ed), UpToDate.

SUPLEMENTAÇÃO NA GRAVIDEZ

Na gravidez existe um aumento das necessidades de alguns nutrientes importantes, tanto para a mãe como para o
desenvolvimento do bebé. Existem três suplementos essenciais durante a gravidez: O ácido fólico, o iodo e o ferro.

ÁCIDO FÓLICO

• É uma vitamina do complexo B também conhecida como vitamina B9. Existe em alguns alimentos, como vegetais de
folha verde escura (espinafres, brócolos, couve, etc.), fígado fruta, frutos secos, leguminosas, ovos e marisco.
• O ácido fólico é importante para a formação do tubo neural (vai dar origem ao sistema nervoso central fetal). Assim,
a toma desta vitamina é importante para prevenir malformações neurológicas no recém-nascido.
• A dose recomendada durante a gravidez é de 400 µg/ dia, no entanto pode ser necessária uma dose superior pelo
que deve sempre consultar o seu médico.
• Na consulta pré-concecional está recomendado o início da suplementação com ácido fólico, devendo este ser mantido
até ao final do 1º trimestre da gravidez.

 

IODO (Iodeto de potássio)

• O iodo é um oligoelemento obtido através da alimentação, nomeadamente peixe, marisco, sal iodado, lacticínios e
ovos.
• Este oligoelemento é essencial na tiroide para a síntese das hormonas produzidas por esta glândula. É importante no
desenvolvimento e maturação do sistema nervoso central fetal. O défice de iodo está associado, entre outros, a um
inadequado desenvolvimento cognitivo e /ou comportamental.
• Na gravidez as necessidades estão aumentadas, pelo que está recomendada a suplementação com iodeto de potássio
150-200 µg/ dia, na ausência de contraindicação, pelo que o médico deve ser sempre consultado antes de iniciar a
sua toma.
• Está recomendada a complementação antes de engravidar, durante toda a gravidez e enquanto estiver a amamentar
de forma exclusiva.

 

FERRO

• O ferro é um oligoelemento importante para as células sanguíneas responsáveis pelo transporte de oxigénio no
sangue.
• Durante a gravidez existe um aumento das necessidades de ferro. O seu défice está associado ao desenvolvimento de
anemia durante a gravidez podendo causar, cansaço, fraqueza, intolerância ao exercício, entre outros.
• Está recomendada uma dose de 30-60 mg/dia de ferro elementar até ao final da gravidez. Esta dose deve ser avaliada
individualmente e deve ser ajustada consoante os valores analíticos, pelo que deve sempre consultar um médico.

 

Descomplicar a gravidez é um projeto do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) que tem por objetivo eliminar mitos e esclarecer dúvidas da população acerca da gravidez.
Fabiana Castro, António Pinho e Maria Liz Coelho, Médicos Internos de Formação Específica de Ginecologia e Obstetrícia, são os responsáveis pelo desenvolvimento deste projeto, sob orientação de Médicos Especialistas.
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Bibliografia:
1. DGS. Programa Nacional para a Vigila ncia da Gravidez de Baixo Risco. Direça o Geral de Saú de. 2016.
2. DGS. Orientaça o Clí nica nº 011/2013 de 26 de Agosto : Aporte de Iodo em múlheres na preconceça o, gravidez e
aleitamento. Direça o Geral de Saú de. 2013
3. WHO. Gúideline: Daily iron and folic acid súpplementation in pregnant women. World Health Organization. 2012.

VACINAÇÃO NA GRAVIDEZ

 

A gravidez constitui um período da vida da mulher em que esta apresenta uma maior susceptibilidade a infeções por agentes víricos e outros patogéneos.

A vacinação na gravidez constitui uma oportunidade de prevenção de doenças em mulheres grávidas, mas também dos recém-nascidos pela passagem de anticorpos através da placenta.

Idealmente, todas as vacinas devem ser dadas antes da gravidez, mas a administração destas durante a gestação pode estar indicada em algumas situações.

De uma forma geral, as vacinas com fragmentos de microrganismos, toxoides ou imunoglobulinas são seguras na gravidez. As vacinas com vírus ou bactérias vivos estão contra-indicadas.

 

Quais as vacinas aconselhadas na gravidez?

 

  • Vacina combinada contra a tosse convulsa, tétano e difteria (Tdpa)

A tosse convulsa é uma doença infeciosa do trato respiratório causada pela bactéria Bordetella perturssis. As crianças até aos dois meses são as mais vulneráveis à tosse convulsa, no entanto a vacinação do bebé só é segura depois dessa idade. Assim, a vacinação da mãe na gravidez leva à produção de anticorpos que passam para o bebé através da placenta, conferindo-lhe proteção até ao início da sua vacinação (2 meses).

Esta vacina deve ser idealmente realizada entre as entre as 20 e as 32 semanas de gestação e sempre após a realização da ecografia morfológica (realizada entre as 20 e as 22 semanas + 6 dias). A vacinação prévia à gravidez ou a vacinação em gravidez anterior não são suficientes, sendo necessário repetir a vacinação em cada gravidez.

Esta vacina pode ser administrada em simultâneo, antes ou depois da imunoglobulina anti-D (em mulheres com grupo de sangue Rh negativo).

  • Vacina contra a gripe sazonal

A gripe sazonal é uma infecção provocada pelo vírus Influenza. As alterações fisiológicas próprias da gravidez tornam as mulheres mais vulneráveis a complicações e hospitalização aquando de uma infecção por este vírus. Esta vacina é segura em qualquer fase da gravidez e confere proteção ao recém-nascido nos primeiros seis meses de vida. A vacina deve ser administrada durante o outono/inverno.

Ambas as vacinas são gratuitas para a grávida no Serviço Nacional de Saúde.

Descomplicar a gravidez é um projeto do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) que tem por objetivo eliminar mitos e esclarecer dúvidas da população acerca da gravidez.
Fabiana Castro, António Pinho e Maria Liz Coelho, Médicos Internos de Formação Específica de Ginecologia e Obstetrícia, são os responsáveis pelo desenvolvimento deste projeto, sob orientação de Médicos Especialistas.
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Bibliografia:
1. Mariana Vide TAVARES et al, Vacinas e gravidez, Acta Med Port. 2011; 24(S4):1063-1068
2. DGS. Norma nº 016/2020 de 25/09/2020. Vacinação contra a gripe. Época 2020/2021.
3. DGS. Orientação nº 002/2016 de 15/07/2016 atualizada a 08/08/2016. Vacinação da grávida contra a tosse convulsa

MOVIMENTOS FETAIS

 

A perceção materna dos movimentos fetais inicia-se no 2.º trimestre da gravidez e é habitual ocorrer mais tardiamente na primeira gravidez (18-21 semanas) do que nas seguintes (16-18 semanas).

O padrão de movimento do bebé é único e é importante identificar e reconhecer o padrão específico do seu bebé. Frequentemente, o final do dia e o início da noite correspondem a períodos de maior atividade.

A atividade fetal global aumenta progressivamente até às 28 semanas de gestação e depois mantém-se estável até ao termo. É importante ter em conta que à medida que o seu bebé vai ficando mais maduro, vai-se acentuando o seu ritmo circadiano: dorme durante mais tempo. Durante o sono profundo do bebé há uma menor perceção dos seus movimentos. Estes períodos de sono fetal podem durar 20-40 minutos.

A diminuição dos movimentos fetais é uma causa comum de preocupação e que motiva frequentemente a observação médica no Serviço de Urgência de Obstetrícia. Por vezes, existem algumas condições (da mãe ou do feto) que podem dificultar a perceção dos movimentos fetais, tais como:

  • Primeira gravidez
  • Excesso de peso
  • Tabagismo
  • Jejum prolongado
  • Atividade e posição maternas
  • Toma de sedativos (calmantes, álcool)
  • Ansiedade ou stress materno
  • Posição da placenta (anterior)
  • Posição das costas do bebé
  • Quantidade de líquido amniótico

Deve procurar observação médica se já tem mais de 24 semanas de gestação e nunca sentiu o seu bebé, se sente que o seu bebé mexe menos do que o seu padrão habitual ou se, após 2 horas deitada para o lado esquerdo, concentrada e após ingerir algum alimento, o seu bebé mexeu menos do que 10 vezes.

Descomplicar a gravidez é um projeto do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) que tem por objetivo eliminar mitos e esclarecer dúvidas da população acerca da gravidez.
Fabiana Castro, António Pinho e Maria Liz Coelho, Médicos Internos de Formação Específica de Ginecologia e Obstetrícia, são os responsáveis pelo desenvolvimento deste projeto, sob orientação de Médicos Especialistas.
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Bibliografia:
1. Royal College of Obstetricians and Gynaecologists. (2011). “Reduced Fetal Movements. Green-top Guideline No. 57”.
2. Hosp. Universitari Clínic Barcelona y Hosp.Sant Joan de Déu. (2010). “Protocolo: Disminución de los movimentos fetales”.
3. National Institute for Health and Clinical Excellence Royal Berkshire. (2016). “Maternity Guidelines – Reduced Fetal Movements (GL903)”.
4. Hofmeyr GJ et al. – Cochrane Database Syst Rev (2014). “Management of reported decreased fetal movements for improving pregnancy outcomes”.
5. Mangesi L. et al. – Cochrane Database Syst Rev. (2007). “Fetal movement counting for assessment of fetal wellbeing”.

EXERCÍCIO FÍSICO NA GRAVIDEZ

 

Regra geral, o exercício físico na gravidez está recomendado!

A atividade física na gravidez está associada a múltiplos benefícios, quer para a futura mãe quer para o bebé, não se associando a maior probabilidade de aborto, baixo peso ao nascimento ou parto prematuro.

Entre os benefícios encontram-se aumento de peso controlado (ainda mais importante para grávidas com excesso de peso), redução da dor lombar, menor risco de hipertensão/diabetes gestacional e de parto pré-termo (antes das 37 semanas), maior probabilidade de parto vaginal, melhor recuperação pós-parto, melhoria do humor/sono e menor risco de depressão/ansiedade.

A adequação da intensidade/tipo de exercício devem variar em função da mulher e da sua prática desportiva prévia, bem como de fatores decorrentes da gestação. Na ausência de contraindicações pelo seu médico, exercícios como caminhada, bicicleta estática, dança, natação, hidroginástica, yoga ou pilates e de condicionamento da força estão aconselhados.

Idealmente, a grávida deve permanecer ativa pelo menos 150 minutos por semana: por exemplo, 5 dias por semana durante 30 minutos.

Em grávidas previamente habituadas a exercícios de intensidade elevada ou atletas, o conforto e a tolerância devem ditar a adaptação ao exercício nesta fase e não existe conhecimento sobre um limite máximo de exercício seguro devendo ter um acompanhamento adequado.

Para além da complementação com uma alimentação adequada, regras de ouro durante o exercício incluem hidratação frequente, evitar sobreaquecimento/ambientes demasiado húmidos ou pouco arejados, evitar mudanças rápidas de direção/postura ou permanecer deitada de barriga para cima durante muito tempo e evitar exercícios com elevado risco de queda/trauma.

Se exercícios com duração superior a 45 minutos, é ainda mais importante assegurar aporte calórico adequado, além da hidratação, através de alimentos ou bebidas adequadas.

O exercício deve ser interrompido se intolerância, dor, falta de ar, hemorragia, cefaleia, tonturas, fadiga, movimentos fetais diminuídos ou contractilidade.

Potenciais contraindicações à prática de exercício físico na gravidez são doenças pré-existentes como doença cardiovascular (por exemplo, hipertensão), asma ou diabetes mal controladas, alguns problemas osteoarticulares ou condições associadas à gravidez como hemorragia persistente, placenta prévia, anemia grave, pré-eclâmpsia, hipertensão gestacional ou indicadores de risco para parto pré-termo.

O exercício físico é seguro e tem muitas vantagens para a grávida, devendo ser discutido com o seu médico e ainda com o profissional da prática desportiva que a acompanhará.

Descomplicar a gravidez é um projeto do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) que tem por objetivo eliminar mitos e esclarecer dúvidas da população acerca da gravidez.
Fabiana Castro, António Pinho e Maria Liz Coelho, Médicos Internos de Formação Específica de Ginecologia e Obstetrícia, são os responsáveis pelo desenvolvimento deste projeto, sob orientação de Médicos Especialistas.
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Bibliografia:
1. Physical Activity and Exercise During Pregnancy and the Postpartum Period: ACOG Committee Opinion, Number 804. Obstet Gynecol. 2020 Apr;135(4):e178-e188. doi: 10.1097/AOG.0000000000003772. PMID: 32217980.
2. FAQs – Exercise During Pregnancy (última revisão julho 2019) – disponivel em https://www.acog.org/womens-health/faqs/exercise-during-pregnancy.
3. Royal Australian and New Zealand College of Obstetricians and Gynaecologists. Exercise during pregnancy (C-Obs 62), 2020 – disponível em https://ranzcog.edu.au/RANZCOG_SITE/media/RANZCOG-MEDIA/Women%27s%20Health/Statement%20and%20guidelines/Clinical-Obstetrics/Exercise-during-pregnancy-(C-Obs-62).pdf?ext=.pdf.

NÁUSEAS E VÓMITOS NA GRAVIDEZ

 

As náuseas (enjoos) e os vómitos são sintomas bastante comuns na gravidez, afetando até 80% das grávidas. Embora a sua causa ainda não seja bem compreendida, parecem ao estímulo hormonal na gravidez, adaptação evolutiva e predisposição psicológica. Geralmente estes sintomas surgem numa fase precoce da gestação, antes da 9ª semana, e tendem a melhorar após a 14ª semana, embora em algumas mulheres possa prolongar-se até ao termo da gravidez.

As grávidas podem ter vários episódios de náuseas e vómitos durante o dia (frequentemente 1 a 2 vezes/dia). Apenas uma pequena percentagem pode desenvolver uma forma mais severa de náuseas e vómitos que se associa a desidratação e perda de peso (hiperémese gravídica). Esta situação, apesar de autolimitada, pode requerer a hospitalização transitória da grávida, para estabilização do quadro clínico.

 

Os vómitos são prejudiciais para o bebé?

 

Não. As náuseas e os vómitos geralmente não são prejudiciais para o bebé, mas podem afetar muito a qualidade de vida da mãe, nomeadamente a sua capacidade de trabalho.

 

O que posso fazer para melhorar os sintomas?

 

  • Reforçar a hidratação: beber 8-12 copos de água por dia, mesmo quando não tem sede.
  • Fazer refeições leves e fracionadas: comer em pequena quantidade, várias vezes ao dia.
  • Evitar alimentos ricos em gordura (difíceis de digerir). Preferir alimentos como arroz, banana, tostas e chá (costumam ser bem tolerados).
  • Evitar comidas condimentadas e odores intensos que previamente tenham desencadeado náuseas ou vómitos.
  • Tomar as vitaminas da gravidez.

 

Existe medicação segura para as náuseas e vómitos na gravidez?

 

Sim. Quando as alterações na dieta e do estilo de vida não são suficientes para controlar os sintomas deverá recorrer ao seu médico assistente para este avaliar a necessidade de iniciar medicação.

Vários medicamentos têm demonstrado a sua segurança na gravidez como, como por exemplo:

  • Doxilamina + Dicloverina + Piridoxina (Nausefe®).
  • Metoclopramida (Primperam®).
  • Suplementos de Gengibre.
Descomplicar a gravidez é um projeto do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) que tem por objetivo eliminar mitos e esclarecer dúvidas da população acerca da gravidez.
Fabiana Castro, António Pinho e Maria Liz Coelho, Médicos Internos de Formação Específica de Ginecologia e Obstetrícia, são os responsáveis pelo desenvolvimento deste projeto, sob orientação de Médicos Especialistas.
Bibliografia:
1. Morning Sickness: Nausea and Vomiting of Pregnancy; American College of Obstetricians and Gynecologists. 2020.
2. Pregnancy sickness (nausea and vomiting of pregnancy and hyperemesis gravidarum). Royal College of Obstetricians and Gynaecologists; 2016.

CUIDADOS MAMÁRIOS NO PÓS-PARTO

 

Os benefícios do leite materno e da amamentação são hoje amplamente conhecidos, tanto para o recém-nascido como para a mulher. No entanto, a amamentação pode representar um momento de ansiedade e dor para a mãe, sendo essencial a prevenção de desconforto e potenciais complicações associadas, de forma a evitar o seu abandono. Para tal, é essencial seguir algumas rotinas:

  1. Posicionar corretamente o recém-nascido na mama de modo a prevenir a maceração do mamilo. De notar que, nas primeiras mamadas o mamilo encontra-se normalmente mais sensível podendo causar desconforto, independentemente da posição do bebé. Este desconforto é expectável diminuir até ao final da primeira semana do pós-parto.
  2. Evitar intervalos longos entre mamadas ou esvaziamento incompleto da mama, uma vez que a acumulação de leite pode deixar a mama endurecida, vermelha e quente – ingurgitamento mamário. Este pode ser evitado seguindo uma agenda de mamadas regulares ou, sempre que esta não é possível, efetuando extração manual ou com recurso a uma bomba de extração.
  3. A higiene da mama deve ser realizada uma vez por dia, durante a restante higiene corporal.
  4. As mamas e os mamilos devem ser mantidos secos, e deixados secar ao ar, sempre que possível. Deve ainda usar um soutien confortável e adequado à amamentação.
  5. O próprio leite pode ser usado para massajar os mamilos/aréola, antes e após a mamada, proporcionando assim a sua hidratação.
  6. Algumas mulheres referem alívio dos sintomas recorrendo ao uso de compressas mornas antes das mamadas, para facilitar a saída do leite, e de compressas frias após a mamada, para prevenir o desconforto.
  7. Se necessário, pode ainda recorrer ao uso de analgésicos, como o paracetamol, para o alívio da dor.

Amamentar é um processo natural e que normalmente decorre sem complicações. No entanto, deve estar atenta e procurar observação médica se apresentar:

  • Febre associada a uma região da mama mais endurecida e avermelhada;
  • Um nódulo mamário que não diminui com o esvaziamento da mama;
  • Saída de sangue pelo mamilo;
  • Dor que se mantém durante toda a mamada.
Descomplicar a gravidez é um projeto do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) que tem por objetivo eliminar mitos e esclarecer dúvidas da população acerca da gravidez.
Fabiana Castro, António Pinho e Maria Liz Coelho, Médicos Internos de Formação Específica de Ginecologia e Obstetrícia, são os responsáveis pelo desenvolvimento deste projeto, sob orientação de Médicos Especialistas.
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Bibliografia
1. Breastfeeding Handbook for Physicians. 2nd Edition. Edited by Richard J. Schanler, Nancy F. Krebs, and Sharon B. Mass, 2013.
2. Landon MB, Galan HL, Jauniaux E, Driscoll DA, Berghella V, Grobman WA, et al. Gabbe’s Obstetrics: Normal & Problem Pregnancies. 8th Edition. ed. Amsterdam: Elsevier; 2021. p. 475-502.
3. Spencer J. Common problems of breastfeeding and weaning. In: UpToDate, Post TW (Ed), UpToDate, Waltham, MA. (Accessed on January 20, 2021.)
4. Spencer J. Patient education: Common breastfeeding problems (Beyond the Basics). In: UpToDate, Post TW (Ed), UpToDate, Waltham, MA. (Accessed on January 20, 2021.)

AUMENTO DE PESO NA GRAVIDEZ

 

O aumento de peso na gravidez é muito variável. A maioria das grávidas aumenta entre 10 a 12.5kg, sendo que este aumento ocorre maioritariamente após as 20 semanas de gestação.

Um aumento de peso inferior ao desejado acarreta um maior risco de abortamento, prematuridade e baixo peso ao nascimento.

Um aumento excessivo de peso acarreta maior risco de trombose, diabetes na gravidez, hipertensão e pré-eclâmpsia. Associa-se, ainda, a maior probabilidade de abortamento, malformações no feto e bebés com excesso de peso ao nascimento e com maior risco de diabetes e obesidade ao longo da vida. Por outro lado, procedimentos como a realização de ecografias, monitorização do feto e analgesia epidural são dificultados.

 

Então, qual o aumento de peso desejado na gravidez?

 

A resposta a esta questão depende de muitos fatores, sendo um dos mais importantes o Índice de Massa Corporal [IMC = peso em Kg / (altura em m)2] prévio à gravidez. Regra geral:

  • Uma grávida com baixo peso (IMC < 18.5Kg/m2) deverá aumentar 12.5 a 18kg.
  • Uma grávida com peso normal (IMC entre 18.5Kg/m2 e 24.9Kg/m2) deverá aumentar 11.5 a 16kg.
  • Uma grávida com excesso de peso (IMC entre 25Kg/m2 e 29.9Kg/m2) deverá aumentar 7 a 11.5kg.
  • Uma grávida com obesidade (IMC ≥ 30Kg/m2) deverá aumentar 5 a 9kg.

 

E o que posso fazer para ter um aumento de peso adequado na gravidez?

 

No início da gestação, a grávida deverá estabelecer com o seu médico qual o aumento de peso desejado. A sua dieta deverá ser diversificada e equilibrada, incluindo frutas, vegetais e fibras, com baixa ingestão de gordura e de alimentos com açúcar adicionado. Para além disso, a grávida deve manter-se ativa e praticar exercício físico regularmente*.

* Para mais informações sobre exercício físico na gravidez clique aqui para  consultar o  Descomplicar a Gravidez sobre Exercício Físico na Gravidez.
Descomplicar a gravidez é um projeto do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) que tem por objetivo eliminar mitos e esclarecer dúvidas da população acerca da gravidez.
Fabiana Castro, António Pinho e Maria Liz Coelho, Médicos Internos de Formação Específica de Ginecologia e Obstetrícia, são os responsáveis pelo desenvolvimento deste projeto, sob orientação de Médicos Especialistas.
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Bibliografia:
1.The Royal Australian and New Zealand College of Obstetricians and Gynaecologists.Why your Weight Matters During Pregnancy, 2017 – disponível em https://ranzcog.edu.au/womens-health/patient-information-resources/why-your-weight-matters.
2.Centers for Disease Control and Prevention. Weight Gain During Pregnancy, 2020 – disponível em https://www.cdc.gov/reproductivehealth/maternalinfanthealth/pregnancy-weight-gain.htm.
3. Rasmussen KM, Catalano PM, Yaktine AL. New guidelines for weight gain during pregnancy: what obstetrician/gynecologists should know. Curr Opin Obstet Gynecol. 2009.

O QUE É MAIS COMUM SENTIR AO LONGO DA GRAVIDEZ?

 

A gravidez é um estado associado a muitas alterações hormonais, físicas e psicológicas. Estas alterações são diferentes ao longos dos três trimestres da gravidez. É importante salientar que cada mulher poderá ter sensações muito diferentes ao longo da gravidez, e mesmo entre as suas próprias gravidezes.

 

Quais são os sintomas/mudanças que poderá sentir em cada trimestre?

 

1.º Trimestre (até as 13 semanas + 6 dias)

 

  • Sentir aumento do volume e tensão mamária
  • Mamilos mais salientes
  • Vontade de urinar com maior frequência
  • Sentir-se mais cansada
  • Sentir náuseas ou vómitos
  • Aumento ou perda de apetite
  • Sentir-se mais frequentemente com azia ou indigestão
  • Sentir inchaço abdominal
  • Obstipação
  • Aumentar ou perder peso

 

2.º Trimestre (entre as 14 semanas e as 27 semanas + 6 dias)

 

  • Aumento de apetite
  • Melhoria das náuseas e do cansaço
  • Mamilos e aréolas podem escurecer
  • Podem aparecer estrias abominais
  • Podem aparecer manchas castanhas na pele da face
  • Os pés e os tornozelos podem inchar
  • Começam a sentir-se os movimentos do bebé *

 

3.º Trimestre (a partir das 28 semanas até ao final da gravidez)

 

  • Sentem-se movimentos mais fortes do bebé
  • Pode sentir-se uma ligeira sensação de falta de ar
  • Necessidade de urinar com maior frequência
  • Pode sair um líquido aguado, amarelado pelos mamilos (colostro)
  • O umbigo pode ficar mais saliente
  • Podem sentir-se contrações (aperto e dor abdominal) esporádicas

 

* Para mais informações sobre os movimentos fetais na gravidez pode consultar o “Descomplicar a Gravidez – “Movimentos fetais”(Link).

 

Descomplicar a gravidez é um projeto do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) que tem por objetivo eliminar mitos e esclarecer dúvidas da população acerca da gravidez.
Fabiana Castro, António Pinho e Maria Liz Coelho, Médicos Internos de Formação Específica de Ginecologia e Obstetrícia, são os responsáveis pelo desenvolvimento deste projeto, sob orientação de Médicos Especialistas.
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Bibliografia:
1. American College of Obstetricians and Gynecologists: Changes During Pregnancy; Womens-health.2020

ANÁLISES DA GRAVIDEZ

 

Existem vários exames de rotina considerados essenciais no seguimento de uma gravidez normal. A realização de análises durante a gravidez é essencial para o rastreio, prevenção e tratamento de diversas patologias que podem afetar e colocar em risco a saúde da grávida e/ou do feto em desenvolvimento.

As análises da gravidez são realizadas em, pelo menos, 3 momentos distintos:

  • No 1º trimestre da gravidez: entre as 11 e as 13 semanas;
  • No 2º trimestre da gravidez: entre as 18 e as 20 semanas (rubéola) e as 24 e 28 semanas (restantes);
  • No 3º trimestre da gravidez: entre as 32 e as 34 semanas.

São várias as patologias rastreadas através das análises da gravidez:

  • É avaliada a presença de anemia em todos os trimestres, através da análise da hemogloblina.
  • A diabetes gestacional é rastreada em 2 momentos distintos:
    • No 1º trimestre através da avaliação da glicemia (glicose no sangue) em jejum;
    • No 2º trimestre (se o primeiro rastreio for normal) através da prova de tolerância oral à glicose, em que é avaliada a glicemia em jejum e após a grávida ingerir uma solução com 75g de glicose.
  • É avaliada a imunização para as infeções por toxoplasmose, rubéola e citomegalovírus.
  • Realiza-se o rastreio de outras infeções, tais como as causadas pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) ou pelo vírus da hepatite B e é avaliada a presença de sífilis.

Outra análise de extrema importância durante a gravidez é a determinação do grupo de sangue (A, B ou O), assim como o fator RhD (positivo ou negativo).

As análises da gravidez também deverão incluir a avaliação da urina em todos os trimestres, para excluir a presença de infeção urinária, que pode ocorrer na gravidez sem sintomas associados (bacteriúria assintomática).

Na presença de doenças pré-existentes ou se surgirem complicações durante a gravidez, poderão ser necessários exames para além dos referidos.

Descomplicar a gravidez é um projeto do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) que tem por objetivo eliminar mitos e esclarecer dúvidas da população acerca da gravidez.
Fabiana Castro, António Pinho e Maria Liz Coelho, Médicos Internos de Formação Específica de Ginecologia e Obstetrícia, são os responsáveis pelo desenvolvimento deste projeto, sob orientação de Médicos Especialistas.
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Bibliografia:
1. Norma da Direção Geral de Saúde nº 37/2011, atualizada em 20/12/2013: Exames laboratoriais na Gravidez de Baixo Risco.
2. DGS. “Programa Nacional para a Vigilância da Gravidez de Baixo Risco” disponibilizado a 16 de Setembro de 2016.
3. NHS – National Institute for Health and Clinical Excellence. Antenatal care. NICE Clinical Guideline 62 (2008).
4. Lockwood C., Magriples U. (2018). “Prenatal care: Initial assessment”. Disponível em UpToDate database.

TOXOPLASMOSE NA GRAVIDEZ

 

A toxoplasmose é uma infeção causada por um protozoário, o Toxoplasma gondii.

Esta infeção é geralmente assintomática (sem sintomas), mas algumas grávidas podem apresentar sintomas ligeiros como febre, dor de cabeça e dores no corpo.

A transmissão da mãe para o bebé dá-se quando a infeção é adquirida pela primeira vez durante a gravidez.

 

O que pode acontecer ao meu bebé?

 

Esta infeção pode causar algumas alterações no desenvolvimento do sistema nervoso e ocular do bebé.

 

Como se apanha a infeção?

 

Essencialmente pela ingestão de carne crua ou mal cozinhada, ingestão de frutos e vegetais mal lavados.

 

Como é feito o rastreio?

 

Através da pesquisa de anticorpos (IgG e IGM) no sangue materno contra o toxoplasma.

O rastreio da toxoplasmose em Portugal está indicado em todas as mulheres que pretendam engravidar.

Nas grávidas não imunes – ou seja, nas que nunca tiveram a infeção – deverá ser repetido o rastreio a cada trimestre da gravidez.

As grávidas imunes não precisam de repetir o rastreio.

 

Há tratamento?

 

Sim. Estão atualmente disponíveis tratamentos para diminuir a transmissão da mãe para o bebé e para diminuir as eventuais suas consequências da infeção no bebé.

 

Não sou imune à toxoplasmose, que cuidados devo ter na gravidez?

 

  • Cozinhar bem a carne (≥66ºC);
  • Evitar levar as mãos aos olhos ou à boca quando se prepara a carne crua.
  • Evitar carne fumada ou curada (pode estar contaminada);
  • Utensílios de cozinha que estiveram em contacto com carne crua devem ser bem lavados;
  • Evitar o contacto com materiais (ex. liteiras) contaminados com fezes de gato;
  • Evitar atividades de jardinagem ou utilizar luvas;
  • Lavar rigorosamente as frutas e os vegetais antes de consumir.
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Bibliografia:
1. ACOG. P ractice bullet in. Acog. Cytomegalovirus, Parvovirus B19,Varicella Zoster, and Toxoplasmosis in Pregnancy. 2016.
2. Universitat de Barcelona. Infecciones Torch y por parvovirus B19 en la gestación. Fetal Med Barcelona. Published online 2018.
3. Figueras F, Palacio CM, Sans MB, et al. Actualización en Medicina Maternofetal. 4ªedición. 2021
4. Khalil A, Sotiriadis A, Chaoui R, et al. ISUOG Practice Guidelines: role of ultrasound in congenital infection. Ultrasound Obstet Gynecol. 2020.
Descomplicar a gravidez é um projeto do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) que tem por objetivo eliminar mitos e esclarecer dúvidas da população acerca da gravidez.

ALTERAÇÕES CUTÂNEAS MAIS FREQUENTES NA GRAVIDEZ

 

A pele da grávida sofre muitas alterações, que decorrem, sobretudo, de variações do ambiente hormonal, sendo a maioria delas benigna. Destacam-se, de seguida, algumas das alterações mais frequentes:

  • Aumento da pigmentação cutânea (mais evidente em mulheres com pele mais escura). Pode afetar várias regiões do corpo, como órgãos genitais, aréolas mamárias, axilas e, por vezes, condicionar Melasma (na face – Imagem 1) e/ou Linea Nigra (no abdómen – Imagem 2);
  • Estrias (Striae Gravidarum – Imagem 3) que ocorrem predominantemente no abdómen, mas podem, também, afetar outras partes do corpo. Derivam da rutura de fibras elásticas da pele pelo estiramento/crescimento corporal, estando, por vezes, associadas a um aumento de peso excessivo;
  • Alterações de pequenos vasos sanguíneos da pele como Aranhas Vasculares (Imagem 4);
  • Alterações das glândulas cutâneas como Acne, Miliária (vesículas causadas pela obstrução dos canais das glândulas que produzem suor) ou transpiração excessiva, mais comuns no 3.º trimestre;
  • Aumento da queda de cabelo, particularmente nos primeiros meses pós-parto, ocorrendo recuperação espontânea alguns meses depois na maioria dos casos
  • Aumento do crescimento das unhas, que se tornam mais pigmentadas, frágeis e quebradiças.

De forma geral, a grávida deve evitar a exposição solar excessiva e usar protetor solar. No caso de alguma destas alterações, a mulher pode beneficiar de cremes hidratantes, emolientes ou outros tratamentos mais dirigidos.

Para além das alterações benignas anteriormente referidas, existem algumas doenças da pele específicas da gravidez e às quais deve ser dada atenção particular. Em caso de dúvida, deve contactar um especialista em Obstetrícia/Dermatologia.

Descomplicar a Gravidez - ALTERAÇÕES CUTÂNEAS MAIS FREQUENTES NA GRAVIDEZ

Descomplicar a gravidez é um projeto do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) que tem por objetivo eliminar mitos e esclarecer dúvidas da população acerca da gravidez.
Fabiana Castro, António Pinho e Maria Liz Coelho, Médicos Internos de Formação Específica de Ginecologia e Obstetrícia, são os responsáveis pelo desenvolvimento deste projeto, sob orientação de Médicos Especialistas.
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Bibliografia:
1. Maharajan A, Aye C, Ratnavel R, Burova E. Skin eruptions specific to pregnancy: an overview. The Obstetrician & Gynaecologist 2013;
DOI: 10.1111/tog.12051.
2. Imagens adaptadas de Wikimedia Commons – Melasmablemish.jpg; Lineanigra2012.jpg; Striae gravidarum.jpg; SpiderAngioma.jpg.

CARDIOTOCOGRAFIA

 

A Cardiotocografia (CTG) ou “Exame das Cintas”, como é vulgarmente conhecido, é usada para registar o batimento cardíaco do bebé (frequência cardíaca) e as contrações sentidas pela mãe, durante a gravidez e trabalho de parto. Um exame normal deve tranquilizar a mãe e o obstetra. Se forem detetadas alterações, o obstetra analisa e pondera a necessidade de intervir.

O exame é realizado sobretudo no final da gravidez, salvo algumas exceções em que pode ser necessário realizar numa fase mais precoce. Com a grávida na posição semi-sentada, de pé, ou deitada de lado, são colocadas duas cintas elásticas à volta do abdómen. Uma das cintas deteta a frequência cardíaca do bebé e a outra a frequência das contrações uterinas. A duração do registo é variável e individualizada. No geral, é realizado durante 20 minutos, mas pode ser interrompido assim que se verificarem os critérios que demonstram o bem-estar do bebé, ou prolongada, se necessário.

Importa realçar que este exame é seguro tanto para a grávida como para o bebé.

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Bibliografia:
1. Reis-Carvalho C, Ayres-de-Campos D. Interpretação da cardiotocografia segundo as normas da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia de 2015. In: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia; Urbanetz AA, Luz SH, organizadores. PROAGO Programa de Atualização em Ginecologia e Obstetrícia: Ciclo 15. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2018. p. 105–42.
2. Ayres-de-Campos D, Spong CY, Chandraharan E; FIGO Intrapartum Fetal Monitoring Expert Consensus Panel. FIGO consensus guidelines on intrapartum fetal monitoring: cardiotocography. Int J Gynecol Obstet. 2015 Oct;131(1):13–24.
3. Ayres-de-Campos D, Arulkumaran S; FIGO Intrapartum Fetal Monitoring Expert Consensus Panel. FIGO consensus guidelines on intrapartum fetal monitoring: Introduction. Int J Gynaecol Obstet. 2015 Oct;131(1):3-4.
4. Mendes-da-Graça, L. (2017). Medicina materno-fetal (5ª ed.). Lisboa: Lidel
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